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sábado, 8 de junho de 2024

GÊNEROS MUSICAIS, MERCADO E IMPLICAÇÕES SOCIAIS



Os Gêneros Musicais e suas implicações sociais


Boa parte da compreensão do que somos hoje na modernidade, aceita, entre outras coisas, que cada um de nós seja de certa medida, ¨produto do meio¨. Isso significa que se nascemos em determinado país, no mínimo falaremos a língua do povo desse país. Mas não é só isso, muito da forma que pesamos e vemos o mundo vem dessa realidade. É impossível nascer em lugar e sermos totalmente diferentes das pessoas do mesmo lugar. Somos semelhantes, inclusive, as pessoas da mesma geração que a nossa. Por isso exatamente que sempre uma geração mais nova pensa e encara a vida de forma bastante diferente,




Para você que ainda não entendeu:


Boa parte da compreensão que temos da vida, do mundo a nossa volta, as nossas crenças e descrenças, de deve ao fato de termos nascido e vivido até agora onde vivemos. Hoje acredita-se sob a autoridade da ciência que ¨ somos produto do meio em que vivemos( sic ).

É óbvio que só falamos português, e no nosso caso com sotaque mineiro, porque vivemos no Brasil e particularmente em Minas Gerais. Comemos feijão e não lentilhas, tomamos café e não chá como os ucranianos ou vinho como os portugueses, no lugar de café varias vezes ao dia, exatamente por que esse é o nosso ¨meio¨. Escrever em mandarim parece-nos inacessível porque simplesmente não somos chineses e não nascemos na China.


Se você entendeu corretamente, na medida certa, essa parte do meio e como ele influencia cada um de nós, pode compreender, então, que no gosto, na apreciação musical é a mesma coisa. Escolhemos, pelo menos aparentemente, gostar do que a nossa geração, as pessoas da nossa idade e da nossa classe social, até etnia gostam também. Muito dificilmente temos um gosto, um, apreciação musical diferente. A razão é o desconforto na relação com as outras pessoas ou que prejudica a boa convivência com as demais pessoas. Há uma perda de socialização, um preço difícil e incômodo a ser pago, ao se ter uma preferência musical vista como estranha às pessoas do seu convívio.


Finalmente, não há gênero musical desassociado dos valores que o gênero musical carrega, que os artistas que os representam carregam. Logo, gostar de determinado gênero musical e separar dos valores que ele propaga!

Mas como surgiram ou foram criados os chamados ¨gêneros musicais¨?

Bem, inicialmente é necessário esclarecer exatamente que definição de gênero estamos tratando. Usa-se em todas as classificações, gêneros para classificação ou definição de regras para discriminação entre coisas e seres. Por exemplo, há uma língua de uma tribo que possui na sua linguagem, cento e cinquenta gêneros. Os egípcios, por exemplo, tinham dois gêneros: coisas vivas, animadas e coisas não vivas ou inanimadas. O chinês não possui gêneros feminino e masculino. A partir desses pouco e aleatórios exemplos, percebemos que gêneros são uma classificação aleatória e apenas conveniente. Na música ou na indústria fonográfica com pouco mais de cento e poucos anos, não é diferente. Trata-se, portanto, também, de uma classificação conveniente. Como surgiu?




Inicialmente, nomes de gêneros musicais já existiam e se referiam a origem étnica ou territorial de algum tipo de música, como, por exemplo, música cigana, música do norte da África, música indígena, música religiosa, etc. Com o surgimento da indústria da música, foi necessário catalogar os gêneros já existentes e os que surgiriam mantendo o mercado musical. Logo, muitos gêneros musicais não têm nomes que realmente justifique algum nome diferente, por exemplo, ¨pagode¨, ¨samba-jazz¨, por mais que músicos tentem justificar essa diferença sutil. Gêneros musicais, portanto, servem mais ao mercado e facilitam a vida dos consumidores de mídias musicais. Facilitam as emissoras de rádio, os sites de música, na elaboração de suas programações e das playlists a serem consultadas.

Mas vale realmente a quem se interessa um conhecimento mais exato e completo dessa tal de classificação musical por gêneros musicais?




O
esforço em se classificar gêneros musicais envolve alguns elementos a serem considerados aos quais se dá uma destacada importância:


  • Tipo de instrumentos musicais tradicionalmente usados em determinadas peças musicais. Por exemplo: guitarras elétricas no rock, no pop, canções baianas de carnaval. Tamborins, surdos, taróis ou caixas de guerra, pandeiros, no samba.

  • Tipos de vocais, mais rasgados, mais delicados. Por exemplo, o samba é gritado e a bossa nova sendo também tecnicamente um samba, é praticamente sussurrado.

  • Temática: os assuntos, os temas mais dominantes. O rock é mais protestante, contestador, mais jovial, permanentemente adolescente mesmo aos oitenta anos, enquanto o samba é frequentemente mais romântico e amoroso. A presença e o uso mais compulsório de rimas forçadas, desassociadas da própria narrativa da letra da canção.

  • Origem e gueto a que cada cancioneiro se origina, se propaga e quem são os ouvintes, artistas e fãs desses artistas.


Para o próprio mercado da música, com sua complexidade e suas complicadas implicações é conveniente e interessante para se medir que tipo de música tem maior ou menor probabilidade de vendas futuras, dessa forma orientando as produções musicais e os investimentos nessas produções que envolve desde a composição, promoção dos artistas e divulgação através das mídias: jornais, revistas especializadas, rádios, tvs e internet.



Para quem ouve música e é mais criterioso com o que ouve, a classificação orienta e facilita não só as suas próprias playlists como a sua coleção musical, afinal o vinil, o cd e até fitas k-7, estão retornando ao mercado com lojas e sites especializados, principalmente porque a indústria e os artistas descobriram que precisariam tomar uma atitude urgente para vender produtos físicos e não só virtuais, pois com a saída do mercado dos cds de áudio, a pirataria, a cópia não remunerada têm causado rombos bilionários à indústria fonográfica e aos artistas principalmente esses últimos, que ficaram limitados a ter como fonte de renda substancial somente os seus shows ao vivo.



Finalmente, os gêneros musicais carregam valores, visões de mundo diversa entre si e essas cosmovisões, valores, relações sociais, étnicas, entre classes sociais são automática e rapidamente difundidas na sociedade, gerando guetos diversos. Esse impacto social é muito mais efetivo que qualquer influencia religiosa, ideológica, educacional, formando formas de pensar, de se crer e de se comportamentar diante das pessoas e na sociedade. Quase sempre, por parte dos leigos em música ou de musicistas, gêneros musicais são correspondentes de estilos musicais, o que não é numa análise mais rígida a mesma coisa. Outro ponto é que gêneros musicais possuem frequentemente a mesma designação de ritmos musicais e de danças. Por exemplo: samba, é ao mesmo tempo, designação de GÊNERO MUSICAL, RITMO E DANÇA; já o rock, é gênero musical, ritmo, mas deixou na prática de ser dança; já a bossa nova é um gênero musical importante, um ritmo e não é uma dança.

Graduado pela EBA/ UFMG em Desenho, Plástica e História da Arte
Graduado pela FAE/ UEMG em Pedagogia em em matérias pedagógicas



quinta-feira, 6 de junho de 2024

VOCÊ SABE OUVIR MÚSICA?



O
uvir música  é aparentemente algo muito divertido, pelo menos à imensa maioria das pessoas no mundo. Embora eu ache que também a maioria das pessoas use seus gadgets apenas por ostentação. Afinal, as demais pessoas têm que ver seu mais novo smartphone, o seu mais novo fone bluetooth, etc., etc. É mais fácil passar a ideia de que se entenda de algo do que deixar manifesto toda a sua profunda ignorância acerca de alguma coisa.


Por outro lado, estudar algo, qualquer coisa, pode ser muito enfadonho, chato à maioria das pessoas, embora só algumas o confessem. Afinal, estudar música  é de fato muito mais difícil que estudar, por exemplo, matemática. Música é muito mais complexo que estudar matemática, afinal música é matemática do seu início ao fim.

Desde os inventores da Música na antiga Grécia, passando por toda a história da Música, envolvendo todo o desenvolvimento matemático e físico da música. A matemática já envolve toda a ciência musical bem como a física, mas a física particularmente envolve o fabrico dos instrumentos musicais, a acústica das salas de concertos, dos ambientes, dos gadgets de reprodução musical, os processos de gravação até a produção, gravação e reprodução musical. Não deixando esquecido as modernas formas de distribuição musical.

Mas o que é a Música finalmente?

A Música é uma linguagem. Como tal serve à complexa COMUNICAÇÃO HUMANA. Basicamente temos MÚSICA e CANÇÃO. A música não tem letra, poesia, já a canção sempre possui uma letra, ou em forma de poema ou prosa. Ambas, música e canção, deveriam ser entendidas, compreendidas pelo ouvinte, o que nem sempre, na verdade, na maioria das vezes não acontece. Mas se   quem é a culpa e quais são os culpados ou as causas dessa pandêmica ignorância musical? Na verdade, são várias e destacaremos as principais:

Primeiramente, o mercado, formado pela indústria fonográfica, os poderosos que tomam as decisões mercadológicas, os compositores, artistas tentando sobreviver financeiramente, a indústria do entretenimento e mídia, com mesmo escusos interesses financeiros. Todos juntos se movimentam todo um elefante branco em uma única direção: ter um público e um mercado cativo que lhes dê muito dinheiro todos os dias, todos os anos.

Em segundo o lugar, o próprio público que inconscientemente se mantém na alienação e na ignorância mais absoluta sobre qualquer coisa, inclusive sobre a própria música. 

Quais as consequências disso?

A  consequência, ou as consequências não são poucas, e trazem prejuízos sociais e econômicos grandes para um povo, uma nação, um país. Mas não é sobre esses pormenores que falaremos por ora. Como já dito antes a maioria (imensa ) de pessoas  gostam de ouvir música. Ou por entretenimento, ou por proporcionar um ambiente menos ruidoso que a sua volta (trânsito, pessoas falando, barulho de máquinas, etc. ). Há os que ouvem música para dormir ou ter mais energia no trabalho. Uma grande parte ouve por ouvir ostentando o seus gadgets modernos e caros para que as pessoas vejam que tem coisas de valor, que são pessoas modernas e que andam na moda.  

A ignorância musical é bastante conveniente à poderosa e quase onipresente indústria fonográfica em todo o mundo, pois pode oferecer a cada grupo social o que querem ou que acham melhor para ouvirem. O resultado que enormes fortunas, com cifras astronômicas, são divididas entre os donos, os acionistas da indústria do entretenimento, seus artistas produzidos por ela, o mercado, a mídia em geral, tudo tirado de uma paupérrima população em sua maioria.

Uma tese afirma, com base em fatos históricos, que povos que desenvolveram bem alguma linguagem artística também desenvolveram tecnologia e claro, alguma ciência importante. Como a música é uma das linguagens da arte e uma das mais elaboradas e complexas, povos que a desenvolveram ou a incorporaram corretamente se desenvolveram consequentemente em outras áreas também muito importantes.

A Itália, por exemplo, por ter desenvolvido a ópera, a pintura, inventado o balé e também a França nas mesmas coisas, são nações, povos a frente de várias tecnologias importantes. Hoje quase todos os desenhos de automóveis no mundo são de tendência italiana. Isso não é um acaso ou um caso isolado, mas comprova essa tese de que arte complexa e bem desenvolvida ocasiona desenvolvimento tecnológico e científico. A poderosa e rica Alemanha também é uma prova disso, sendo berço de pelo menos, dois gênios incontestáveis da música.

Finalmente, ¨ouvir música¨significa perceber cada um dos múltiplos e variados sons e silêncios em uma peça musical, bem como o timbre e as dinâmicas de cada frase musical, como o total da harmonia e o ritmo com suas variantes em andamentos e expressão. Assemelha-se a um chef de cozinha que perceba cada sabor de cada elemento em um determinado prato. Sem essa percepção no detalhe, não se ouve e não se compreende música, se limitando a ouvir barulho.

No caso da canção, além da música que lhe sirva de base (melodia, harmonia e ritmo) há a letra, um poema ou às vezes um texto em prosa. Há na letra, uma personagem, uma estória, com introdução, desenvolvimento e conclusão a exemplo dos melhores textos literários. Ou seja, é um cabedal de informações multi originárias e concomitantes, que se paralelizam e se cruzam, em uma riqueza que quando esses compositores de mostra geniais, são verdadeiramente peças musicais, absolutamente únicas e insuperáveis na sua singularidade.



Por Helvécio S.Pereira
SOBRE MIM


Graduado em História da Arte, desenho e plástica pela EBA /UFMG

e em pedagogia pela FAE/UEMG

Professor de duas redes públicas em Belo Horizonte Minas Gerais e ex-formador  da GPLI, ligada à Secretaria da Educação da PBH por cerca de seis anos.

Blogueiro desde 2011, professor, compositor, pintor, ilustrador e desenhista

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