Como surge a música, como ela se origina?
Poucas pessoas param para pensar seriamente sobre esse fenômeno. Primeiramente a música só existe na experiência humana porque simplesmente somos programados biologicamente para gostarmos de música. Uma girafa pode ouvir uma peça musical mas é quase improvável que se interesse em ouvi-la ou que se emocione de alguma forma com ela. Da mesma maneira um chimpanzé. Menos ainda uma serpente ou uma abelha mesmo porque são ambas surdas ( e não são as únicas ).
Se somos biologicamente capazes de ouvir música podemos e fizemos isso bem no início da nossa história humana, de criarmos algum tipo de música. A primeira certamente a ser produzida, composta, foi certamente uma música intuitiva ou primitiva. Com a sistematização a partir de criação de sistemas musicais com regras pré definidas, pudemos compor músicas mais dentro de determinados padrões, o que fazemos até hoje, com maior ou menor sofisticação mas sempre seguindo um dodo de fazer, uma receita de bolo.
Claro, se antes a composição era esporádica, movida por razões místicas ou festivas, resultado de bebedeiras, ocasiões marcantes como nascimentos, coroação, vitórias em guerras, casamentos e mortes bem como em ritos religiosos, com o advento da indústria da música, ela passa ser uma necessidade para suprir um demanda de pessoas que compram aparelhos de som e outros apetrechos para ouvir música.
Desse modo a composição musical para a indústria do entretenimento ( incluindo cinema, games, propaganda, tv ) é sempre intencional e dirigida a um público consumidor. Entretanto em todas as situações há uma intenção e know how, algo como fazer a música.
Logo a pessoa, a figura de um compositor não só é essencial, necessária, mas sem ele nenhuma peça musical, nenhuma obra musical, da ruim a de excelência, da simplória a sofisticada existiria.
Mas como uma musica nasce na mente de um compositor?
Não há uma conclusão final, uma explicação definitiva que explique todas as situações de composição e de criação musical, o que se aceita com certa unanimidade é que há um componente de intuição. O que seria essa intuição, esse fator que dá partida a criatividade? ninguém com certeza sabe! mas é esse componente misterioso que da origem a tudo.
Essa intuição pode ser uma palavra, um assunto, uma situação, algo simples ou ate algo contrariamente bastante sofisticado como uma jogada em um jogo de tabuleiro, não importa, ela existe e real, acontece.
Entretanto se apenas o compostor compor e não registrar, não anotar ou como antes ocorria não ensinar outra pessoa a cantar ou tocar a sua peça musical, ela desaparece naturalmente, deixa de existir logo aos criada.
Entra aí uma segunda personagem, uma segunda pessoa, tão importante quanto quem a compôs, a figra do INTÉRPRETE.
O intérprete não é somente que canta uma canção ou toca um instrumento musical, faz mais do que isso, ele dá vida e alma nova a composição feita por outra pessoa, por outro compositor. Há poucos casos em que o autor/ compositor é também o intérprete, algo muito comum na música popular e no passado na música erudita, em que os autores/compositores tocavam, executavam publicamente as suas próprias composições.
Um intérprete assemelha-se a um ator, ao cantar ou tocar uma peça musical, deve e revive as emoções ( as vezes recria ) as mesmas emoções do autor compor uma obra musical. Logo o papel de um intérprete, seja cantando ou executando uma peça musical totalmente instrumental é fundamental no caminho da obra musical após a sua composição.
Entretanto o processo não pára aí. Se parasse nesse ponto todo o processo, o caminho da música, da obra musical chegar até nós ouvintes não se completaria.
Ao final e início dos séculos XIX e XX os processos de registros sonoros possibilitaram a criação de um novo produto, novo no cenário humano-social e tecnológico: a venda do que fora gravado a um público que o compraria. Surge então a poderosa e praticamente mundial indústria fonográfica com todos os seus braços e ferramentas, estratégias que vão desde a produção à distribuição das obras sonoras.
Logo, o caminho que temos, em que a composição musical contemporânea percorre é:
COMPOSIÇÃO > INTERPRETAÇÃO > PRODUÇÃO
A maioria das pessoas imaginam que os artistas que possuem e atraem visibilidade são não só eventualmente autores de suas "músicas" mas aqueles que criam e cuidam de todos os detalhes de uma pressuposta composição musical, o que não é definitivamente a verdade máxima. Uma produção musical moderna não é obra de uma única pessoa mas de um conjunto de profissionais tecnicamente especializados, cada um em sua área dentro da produção musical, o que hoje é um trabalho totalmente colaborativo.
Que pessoas fazem parte e são os profissionais necessários e capacitados tecnicamente para a produção musical moderna?
Arranjadores
Instrumentistas ( cada um em seu instrumento musical específico )
Solistas ( contratados para compor um riff, um solo numa transição da canção, como uma ponte, introdução, etc )
Back vocals ( coro ) para cantarem junto ao cantor ou ao fundo de uma peça musical mesmo instrumental.
Engenheiros de som ( responsáveis pela captação de som tanto ao vivo como em estúdios )
Editores de som ( após todo o material gravado edita, apaga, realça, mixa o material gravado dando a forma final e tradicional de uma canção ou peça musical para ser ouvida em diferentes tecnologias seja, vinil ( que está voltando, CD, mp3, ogg, wav, dat etc )
Artistas gráficos /fotógrafos profissionais que preparam visualmente a obra musical fazendo capas, cartazes, material gráfico para divulgação em geral.
Produtores e editores de vídeo para criação de vídeo clips, um recurso moderno para agregar a canções uma segunda mensagem e que se tornou tão ou mais importante para divulgação de músicos e cantores.
Distribuidores que farão com que a obra musical, música ou canção, chegue as diversas mídias: rádio, tv, web etc
Por Helvécio S. Pereira
Graduado em História da Arte, desenho e plástica pela EBA /UFMG
e em pedagogia pela FAE/UEMG
Professor de duas redes públicas em Belo Horizonte Minas Gerais e ex-formador da GPLI, ligada à Secretaria da Educação da PBH por cerca de seis anos.
Brogueiro desde 2011, professor, compositor, pintor, ilustrador e desenhista
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