Dessa forma os investimento e os gastos em empreendimentos grandiosos vão muita além das necessidades mais objetivas. Isso é visível e portanto comprovável em uma variedade de situações universais. O mega empresário Eike Batista, afirmou em uma entrevista que ele mesmo desenhou a mansão em que vive no Rio de Janeiro, construção essa que demandou trinta anos entre a concepção, adaptação e resultado final, concepção essa sempre ligada ao seu estilo particular de vida e seu trabalho.
Em qualquer cidade do mundo, em qualquer cultura, cada edificação expressa finalmente a cultura, os valores, as crenças, enfim o modo de vida das pessoas daquele lugar e época. Semelhantemente às roupas, que expressam esses mesmos elementos cotidianamente, em tempo integral, mas são descartadas periodicamente, a arquitetura registra e expressa sem descarte tão imediato as mesmas coisas, os mesmos elementos culturais humanos.
Moda e arquitetura expressam de maneira genérica, sintomas, vícios, bem como valores positivos ao lado de negativos. A falta de banheiros nas casas de brasileiros abastados no Brasil colonial e escravagista é um sintoma do à época, de um trabalho degradante aceito ou ainda visto como natural. Mesmo em nossa sociedade atual, democrática, relativamente igualitária, há elementos arquitetônicos que são sintomáticos de como somos como sociedade.
As chamadas favelas em oposição às áreas nobres da sociedade denotam desorganização e falta de regulação. Trazem indicativos também sobre o gosto ou a preferência por silêncio, respeito aos espaços públicos, grau de privacidade, exibicionismo, intimidade ou não, etc. Vemos o tipo de relação entre as pessoas em uma comunidade pode ser vista nos templos religiosos, nas dependências e prédios escolares, nos prédios públicos, nas vias públicas, no cuidado ou não de praças, jardins, parques, etc.
A Arquitetura e o urbanismo, como parte integrante dela, bem como o paisagismo constituem a face visível de uma determinada sociedade e cultura, correspondendo a um conjunto de soluções funcionais ou não para as suas diversas e complexas demandas.
Por Helvécio S. Pereira*
*Graduado em Desenho, Plástica e História da Arte / Pedagogo
gg
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O QUE ACHOU DESSE ASSUNTO?