Ouvir música é aparentemente algo muito divertido, pelo menos à imensa maioria das pessoas no mundo. Embora eu ache que também a maioria das pessoas use seus gadgets apenas por ostentação. Afinal, as demais pessoas têm que ver seu mais novo smartphone, o seu mais novo fone bluetooth, etc., etc. É mais fácil passar a ideia de que se entenda de algo do que deixar manifesto toda a sua profunda ignorância acerca de alguma coisa.
Por outro lado, estudar algo, qualquer coisa, pode ser muito enfadonho, chato à maioria das pessoas, embora só algumas o confessem. Afinal, estudar música é de fato muito mais difícil que estudar, por exemplo, matemática. Música é muito mais complexo que estudar matemática, afinal música é matemática do seu início ao fim.
Desde os inventores da Música na antiga Grécia, passando por toda a história da Música, envolvendo todo o desenvolvimento matemático e físico da música. A matemática já envolve toda a ciência musical bem como a física, mas a física particularmente envolve o fabrico dos instrumentos musicais, a acústica das salas de concertos, dos ambientes, dos gadgets de reprodução musical, os processos de gravação até a produção, gravação e reprodução musical. Não deixando esquecido as modernas formas de distribuição musical.
Mas o que é a Música finalmente?
A Música é uma linguagem. Como tal serve à complexa COMUNICAÇÃO HUMANA. Basicamente temos MÚSICA e CANÇÃO. A música não tem letra, poesia, já a canção sempre possui uma letra, ou em forma de poema ou prosa. Ambas, música e canção, deveriam ser entendidas, compreendidas pelo ouvinte, o que nem sempre, na verdade, na maioria das vezes não acontece. Mas se quem é a culpa e quais são os culpados ou as causas dessa pandêmica ignorância musical? Na verdade, são várias e destacaremos as principais:
Primeiramente, o mercado, formado pela indústria fonográfica, os poderosos que tomam as decisões mercadológicas, os compositores, artistas tentando sobreviver financeiramente, a indústria do entretenimento e mídia, com mesmo escusos interesses financeiros. Todos juntos se movimentam todo um elefante branco em uma única direção: ter um público e um mercado cativo que lhes dê muito dinheiro todos os dias, todos os anos.
Em segundo o lugar, o próprio público que inconscientemente se mantém na alienação e na ignorância mais absoluta sobre qualquer coisa, inclusive sobre a própria música.
Quais as consequências disso?
A consequência, ou as consequências não são poucas, e trazem prejuízos sociais e econômicos grandes para um povo, uma nação, um país. Mas não é sobre esses pormenores que falaremos por ora. Como já dito antes a maioria (imensa ) de pessoas gostam de ouvir música. Ou por entretenimento, ou por proporcionar um ambiente menos ruidoso que a sua volta (trânsito, pessoas falando, barulho de máquinas, etc. ). Há os que ouvem música para dormir ou ter mais energia no trabalho. Uma grande parte ouve por ouvir ostentando o seus gadgets modernos e caros para que as pessoas vejam que tem coisas de valor, que são pessoas modernas e que andam na moda.
A ignorância musical é bastante conveniente à poderosa e quase onipresente indústria fonográfica em todo o mundo, pois pode oferecer a cada grupo social o que querem ou que acham melhor para ouvirem. O resultado que enormes fortunas, com cifras astronômicas, são divididas entre os donos, os acionistas da indústria do entretenimento, seus artistas produzidos por ela, o mercado, a mídia em geral, tudo tirado de uma paupérrima população em sua maioria.
Uma tese afirma, com base em fatos históricos, que povos que desenvolveram bem alguma linguagem artística também desenvolveram tecnologia e claro, alguma ciência importante. Como a música é uma das linguagens da arte e uma das mais elaboradas e complexas, povos que a desenvolveram ou a incorporaram corretamente se desenvolveram consequentemente em outras áreas também muito importantes.
A Itália, por exemplo, por ter desenvolvido a ópera, a pintura, inventado o balé e também a França nas mesmas coisas, são nações, povos a frente de várias tecnologias importantes. Hoje quase todos os desenhos de automóveis no mundo são de tendência italiana. Isso não é um acaso ou um caso isolado, mas comprova essa tese de que arte complexa e bem desenvolvida ocasiona desenvolvimento tecnológico e científico. A poderosa e rica Alemanha também é uma prova disso, sendo berço de pelo menos, dois gênios incontestáveis da música.
Finalmente, ¨ouvir música¨significa perceber cada um dos múltiplos e variados sons e silêncios em uma peça musical, bem como o timbre e as dinâmicas de cada frase musical, como o total da harmonia e o ritmo com suas variantes em andamentos e expressão. Assemelha-se a um chef de cozinha que perceba cada sabor de cada elemento em um determinado prato. Sem essa percepção no detalhe, não se ouve e não se compreende música, se limitando a ouvir barulho.
No caso da canção, além da música que lhe sirva de base (melodia, harmonia e ritmo) há a letra, um poema ou às vezes um texto em prosa. Há na letra, uma personagem, uma estória, com introdução, desenvolvimento e conclusão a exemplo dos melhores textos literários. Ou seja, é um cabedal de informações multi originárias e concomitantes, que se paralelizam e se cruzam, em uma riqueza que quando esses compositores de mostra geniais, são verdadeiramente peças musicais, absolutamente únicas e insuperáveis na sua singularidade.
Por Helvécio S.Pereira
SOBRE MIM
Graduado em História da Arte, desenho e plástica pela EBA /UFMG
e em pedagogia pela FAE/UEMG
Professor de duas redes públicas em Belo Horizonte Minas Gerais e ex-formador da GPLI, ligada à Secretaria da Educação da PBH por cerca de seis anos.
Blogueiro desde 2011, professor, compositor, pintor, ilustrador e desenhista
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