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sábado, 18 de novembro de 2017

PRECISAMOS MESMO DE ARTE?



As mudanças comportamentais de uma massa populacional geralmente não são mudadas com leis, mas através de meios mais sutis e comprovadamente mais eficientes. Frase de efeitos, declarações curtas, provérbios ( eficientes no passado histórico de várias nações e povos e fortes nas diversas culturas mesmo nos dias de hoje) bordões, canções, etc, têm se mostrado muito mais eficientemente que leis que lhes venha referendar posteriormente a causa ou o objeto de sua abordagem.

No Brasil, e  a partir de uma consciência externa, poucas pessoas da geração que ouviu a bela e emocional canção "As Baleias" cantada por Roberto Carlos, uma composição dele e de seu parceiro Erasmo Carlos, traz hoje como resultado, em várias partes do Brasil centenas de pessoas frequentemente reunidas para socorrer gigantes baleias no nosso litoral.

Uma banda de jovens, hoje não mais, de roqueiros brasileiros, teve uma de suas canções entre as mais ouvidas e aplaudidas pelo seu bordão enfático. A canção chama-se "Comida", o grupo musical os "Titãs" que rezava em seu coro:"... a gente não quer só comida... a gente quer diversão e ARTE."

Tal coro de tal canção se tornou uma forte bandeira para as posteriores e presente ações políticas na área do entretenimento popular, as torrentes de dinheiro público jogados ao vento em nome do Circo, aparentemente tão necessário e imprescindível à sobrevivência humana, portanto à nossa própria sobrevivência diária.

É a Arte tão importante? podemos realmente viver sem ela? ela nos trás realmente tão certo e grande benefício?

Antes de responder a essa pergunta, feita de mais de uma forma, algo que o leitor poderá fazer por si mesmo ao final dessa reflexão, uma informação basilar e relevante:

A Arte como linguagem é absolutamente neutra opostamente ao artista que nunca o é. Assim como em qualquer língua nacional ou pátria se pode produzir tanto um louvável discurso como uma lista de palavras chulas ou um texto ofensivo, tanto quanto o hino mais sacro, assim na Arte, independente da natureza da própria Arte pode-se legitimamente produzir-se o que se inclinar e desejar-se.

O Artista não, como ser inteligente e emotivo, carregado de experiências e crenças, esse nunca é isento e sempre produzirá uma arte que se coloca de um ou outro lado, que defenda e que combata outras ideias, crenças e posições.

Desse modo podemos pensar corretamente que a Arte não é imprescindível para a vida como defendia os roqueiros dos Titãs, nem como venha, com o objetivo de conseguir o maior número de votos possíveis, algum político espertalhão e de cultura rasa e superficial.Segundo o conceituado psicólogo Andrew Maslov *https://www.simplypsychology.org/maslow.html

podemos perceber claramente que as necessidades mais básicas e portanto essenciais não correspondem ao que poderíamos encaixar as artísticas.

Portanto se a Arte não é essencial para a nossa sobrevivência em que reside a sua real importância?

A importância real da Arte reside justamente na ampliação da nossa autopercepção da nossa própria vida. Logo se com mediação da Arte eu consigo ampliar minha percepção da realidade tanto objetiva como subjetiva, aí sim reside a importância e a contribuição da Arte.

Entretanto isso jamais ocorrerá automaticamente para um lado ou para outro, ou seja positiva ou negativamente: a escolha de cada indivíduo resultará em um resultado e em nível de influência:

a escolha do que se lê;

a escolha do que se vê;

a escolha do que se ouve;

a escolha do que se vivencia ( no caso da arquitetura, da moda, ao tocar um instrumento ou cantar, do trabalho autoral, seja na literatura, na dramaturgia, no cancioneiro, na coreografia, como bailarino ou dançarino, como ator e como atriz, etc )


É claro e também verdade, que a Arte não produz e jamais produzirá benefício algum em qualquer pessoa ou indivíduo de forma automática. Comprovada e observadamente algumas produções artísticas resultam em certo atraso e depreciação das relações humanas e percepção positiva ou pelo menos mais desejável da realidade.

Alguns atribuem a percepção dessa diferença como "preconceito", uma corruptela do verdadeiro  sentido da palavra no seu uso ideológico atual. O Balé ou Ballet comprovadamente contribuem não só para a disciplina feminina como também a de homens, cuidado com seu físico e aparência bem como uma desejável erudição. Já o funk na sua versão mais comprovadamente corrompida ( não a original do excelente músico e cantor James Brown ) passa para os jovens uma patente degradação das relações entre os gêneros masculino e feminino como uma vulgarização do sexo.

Muitos ou inumeráveis exemplos podem ser relembrados e alistados como as recentes exposições ocorridas no Brasil e defendidas sob a "égide da liberdade de expressão" e da expressão artística e de tal modo que toda e qualquer análise tecnicamente crítica foi tachada como conservadora, machista, patriarcal e repressora.

São inúmeros e incontáveis exemplos de obras de arte e de produções artísticas que se colocadas lado a lado, percebe-se claramente a sua influência, positiva ou negativa, a sua qualidade técnica, independente da linguagem artística que a medie, a intenção do artista em contribuir positivamente ou se subverter irresponsavelmente a ordem historicamente construída e portanto aceita por uma cultura temporal e circundante.

Concluindo por ora podemos sim asseverar que a Arte não sendo importante para a nossa sobrevivência e portanto como parte das nossas necessidades mais básicas, é de fato relevante para o aprimoramento da nossa cosmovisão e enriquecimento da nossa individual experiência humana, em uma curta mas  promissora existência, a vida.

Por Helvécio S. Pereira*


*Graduado em Desenho e Plástica, História da Arte e Pedagogo.



































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