Navegue pelas diversas páginas

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

O CANCIONEIRO DA INDÚSTRIA DA MÚSICA


 Objetivamente a Música, como linguagem, nada é mais do que notas musicais, sons determinados, tocados junto a sons indeterminados com durações e pausas variáveis entre eles, tudo matematicamente, expressando numa fabulosa e eficiente compreensão universal emoções especificamente humanas.

Isso 'apenas parte da realidade, vejamos a parte mais popular e mais conhecida (nem tanto) mas exaustivamente consumida pelas pessoas.

O que veremos nessa postagem é que compreender o funcionamento, ou parte dele, na poderosa e eficiente indústria do entretenimento significa deixar de ser refém de algo maior que você mesmo e que compulsivamente te coloca num lugar que talvez você não queira estar ou pertencer sem liberdade.

Quantas vezes ouvimos e vemos, lemos, aplausos efusivos e elogios festejados a artistas, principalmente cantores e às vezes a algum instrumentista, todos badalados como virtuoses e totalmente fora da curva da excelência. Será verdade que são realmente o que as pessoas dizem serem? Ou será que em casos mais concretos, todos estudaram as mesmas coisas, fizeram os mesmos exercícios, têm as mesmas habilidades treinadas e seguem um protocolo para estudar cada peça musical e executá-las? Algo que em tese qualquer um com cérebro seria capaz de fazê-lo?

Primeiramente a base da linguagem musical é sempre a mesma, funcionando como um alfabeto para uma língua escrita. Com as mesmas letras podem ser escrito um espiritual poema como uma série grande de palavrões os mais chulos. Logo, com as mesmas sete notas musicais (ou doze se nos referirmos à escala diatônica) pode ser composta uma obra-prima musical ou um lixo musical que fira não só aos nossos ouvidos, mas a nossa mente. Logo, o problema não é a base teórica da música ou a própria linguagem da música mas o que todo e qualquer músico possa fazer a partir dela.

Obviamente, e também desde a música composta e executada ao vivo até o surgimento da possibilidade de gravar músicos e cantores e ouvi-los depois, inaugurou-se dessa forma uma indústria determinada em ter em estoque canções e até músicas para satisfazer um público agora imenso e crescente ansioso para ouvir cada vez mais "música" mesmo que fundamentalmente, estatisticamente sempre ou quase sempre, seja sempre o mesmo do mesmo com pequenas e sutis variações.

Os grandes proprietários e gestores da poderosa e universal indústria do entretenimento, incluindo cinema, videogames e música é a japonesa Sony. Pense e reflita se os CEOs desse grande conglomerado ouvem os artistas que são produzidos por eles e cujas canções as pessoas comuns comprem? a resposta que parece obvia é não. Não ouvem, não apreciam e nem incentivam que seus filhos e filhas as ouçam ou as idolatrem.

Como toda indústria, apesar das acusações de exploração dos sectários e fanzines do socialismo, visa o lucro para se manter, dar uma vida de excelência a seus gestores e descendentes, o que é totalmente normal, para tal ela tem que sempre produzir o que se propôs por duas razões: suprir uma necessidade ou pelo menos um desejo das pessoas e influenciar as pessoas, nos seus valores, gostos e comportamentos. Carros são produzidos para levar as pessoas de um lugar para outro mas para serem facilmente manobráveis e cada vez mais velozes. Não se fabricam carros cada vez mais lentos como no início da indústria automobilisticas embora lentos levavam as pessoas de um ponto a outro mesmo gastando bem mais tempo.

Então como essa indústria adere, cria, assimila os modismos musicais surgidos na sociedade? como essa indústria se adapta e usa o que há em uma nação, em um país, em uma região com seus aspectos culturais e sonoros peculiares?

Astutamente, já que ela mesma não cria nada, garimpa o que há na população de consumidores para qual ela produzirá, divulgará e distribuirá tal tipo de "música". Desse modo pressupostos "talentos" medidos pela escala de valores e crítica duvidosa e dá a essa população de consumidores o mais próximo do que eles aspiram sem o saber.

No início da indústria fonográfica recorreram aos prostíbulos travestidos de bares e às igrejas e de lá, oferecendo dinheiro e fama fizeram os primeiros  cantores e cantoras para o público secular. O tão badalado rock'n roll, nasceu da performance singular da "irmã Roseta" que nas campanhas evangelísticas de sua igreja tocava guitarra elétrica e cantava os tradicionais cânticos de forma diferente. Muito tempo depois encontraram um jovem branco tão pobre quanto a maioria dos negros de sua região mas que curiosamente "cantava como um 'negro', ninguém menos que o grande ( grande barítono )  Elvis Presley.

Desse modo, tal fenômeno ou estratégia bem malandra foi e é reproduzida hoje, alavancada por empresários garimpadores de "novos talentos" tanto alavancados por concursos de cantores, lá atrás através do rádio e depois e hoje por grandes programas de concursos musicais nas tvs em todo o mundo, produzidos no mesmo esquema de país para país, variando apenas na exigência musical, geralmente gente bonita e vozes afinadas.

No Ocidente cristão e protestante, mas não só, temos mais recentemente a nomeada comercialmente "música gospel" que nem sempre e na maioria das vezes corresponde fiel, rítmica e harmoniosamente ao gênero gospel de fato, No Brasil é particularmente o segundo grande mercado, perdendo surpreendentemente apenas para o gênero neo-sertanejo.  

Desse modo por mais autruístas e espirituais, sinceros que os cantores e compositores "gospels" queiram se reconhecer ( e apesar do bem que esse tipo de repertório e temática não-laica realmente impacte positivamente as pessoas ) são tanto quanto os seculares e mundanos, pedras do mesmo tabuleiro, farinhas do mesmo saco. 

Diferentemente das grandes e ternas canções cristãs que foram compostas, divulgadas e se eternizaram sem nenhum esforço ou articulação mercadológica como "Castelo Forte" de Martinho Lutero ou "Amazing Grace" de John Newton, todas as composições de hoje seguem o esquema e o tipo de composição mercadológica.

Mas agora que vemos além da caixinha, saímos da bolha e vemos as coisas como elas são e a realidade não é nem de perto romântica como passam para nós (romântica no sentido lato de serem idealizadas ) o que fazer? não ouvir nenhuma música, nenhuma canção, nada?

As possibilidades estão no mundo para todos os propósitos: a mesma arma que pode ser meio de um crime pode ser a mesma que evite o crime e rechace o criminoso em potencial. Assim é a música ou mais exatamente a linguagem da música: se pode dizer ou expressar o que desejar! pode haver beleza, complexidade, originalidade, ser uma obra-prima ou algo absolutamente e indesculpavelmente medíocre, como na maioria dos casos acontece. Vem aí outro dilema: que valor há em ser sábio ao invés de néscio ou idiota se ambos morrem do mesmo modo? uma pergunta bíblica em um dos livros do grande Salomão.

Finalmente é indesculpável e não falseável que coisas boas produzem bem-estar real, verdadeiros e coisas ruins embora no deem uma sensação festiva sejam seus resultados nefastos ao final.


Por Helvécio S. Pereira

Graduado pela EBA/ UFMG em Desenho, Plástica e História da Arte
Graduado pela FAE/ UEMG em Pedagogia em em matérias pedagógicas



sexta-feira, 27 de outubro de 2023

COMO SÃO DADOS TÍTULOS AOS FILMES NO CINEMA

 


C
inema
é uma linguagem artística ( ou da arte ) complexa, trabalhosa e onerosa, cara. Portanto cada movimento, cada decisão em qualquer momento de uma produção cinematográfica pode garantir sucesso ou um verdadeiro desastre, artístico e financeiro.

Visto também que bons, excelentes filmes não ficam prontos de um dia para o outro, que a sua complexidade de dinâmica é demorada, de meses a anos, muitas decisões são tomadas antes, ao longo ou pós produção, o que respeita ao título de um filme não é diferente.

Muitos fimes não são resultados de roteiros inteiramente originais. Bons  filmes pode herdar de boa literatura a ideia e o tema explorado no filme. Desse modo o título de cada um desses filmes pode também ser herdado de obra artística anterior.

Suponhamos entretanto, que tenhamos que criar um título para determinado filme ou traduzi-lo a partir de um título original. O que não fazer:

- evitar cacofonia.

Cacofonias ocorrem quando duas ou mais palavras pronunciadas rapidamente soam como uma terceira palavra naquela língua. Ocorre como um acidente, não pode ser previsto mas pode ser observado e comprovado. Imagine um título original que traduzido para uma língua tal ( pode ser o próprio português ou mandarim, grego, francês, italiano, georgiano etc ) e ocorre que naquela língua haja uma palavra com outro sentido que corresponda ao som unido de duas outras palavras legítimas na mesma língua. Esse cuidado deve ser sempre observado.

-evitar ambiguidade

Ambiguidade ocorre quando uma palavra, principalmente no seu uso coloquial, assume vários sentidos diferentes e que colocadas em um determinado título, o leitor ou ouvinte, fica sem certeza ou sem clareza do que realmente se queira dizer. A exceção é os títulos dados à comédias, ou aos filmes de gênero comédia, justamente por ser desejável tal provocação.


-Evitar-se títulos desnecessáriamente longos ou grandes

Títulos grandes prejudicam a mensão do filme a outras pessoas e dificultam a lembrança. É comum alguém dizer a outra pessoa "-Você  já assistiu tal filme?" ( sem se lembrar total ou parcialmente de seu título ) 

Um exemplo é de um bom filme misto de excelente animação e filme com atores reais, estrelado pela atriz Angelina Jolie: " Capitão sky e o mundo do amanhã". Poucas pessoas se lembram do título do filme além de ter um problema de tradução parcial, pois a tradução integral  o tornaria pior ainda.

-Evitar traduções literais desconsiderando a cultura e o pensamento popular relacionado ao uso mais corrente de certas palavras. Um exemplo é que se evitou ou se fez uma tradução menos obetiva da animação "Dragon Ball".

-Evitar títulos cujas palavras ( especialmente nomes  próprios ou de lugares ) que tenham sons impronuciáveis em certas línguas. Sim porque é muito comum haver sons em uma língua que praticamente não existam em outras e cujos falantes jamais conseguirão pronunciar.

- Evitar-se revelar o filme ou ocultar totalmente do que se trata o filme. As consequências podem ser tanto o de ser dada uma ideia errada do que o filme trará ou revelá-la totalmente tirando toda expectativa.


Mas afinal, o que são títulos?


Títulos são nomes dados a coisas materiais como livros, discos, teses, dissertações, matérias jornalisticas, redações escolares, crônicas, canções, poemas, postagens em blogs como essa etc.

Entretanto, títulos de acordo com o meio ou o próposito, recebem nomes específicos:

- A maioria das coisas autorais, materiais ou não, recebem nomes ou títulos e assim são naturalmente reconhecidos ( afinal damos nomes às coisas desde que surgimos nessa Terra! ), entretanto se por exemplo, se trata de uma reportagem na TV ou em uma emisora de rádio, o nome é "CHAMADA."
Caso seja uma matéria escrita sobre qualquer assunto em um jornal diário ou não , em uma revista impressa ou não, o titulo em questão recebe o nome de "CABEÇA."

O objetivo de qualquer título, qualquer que seja o titulo ou propósito, é além de localizar o que foi escrito, produzido, feito enfim,  é o de lhe dar identidade, separando, singularizando-o diante de outras produções similares ou não. 

Finalmente um título pode ser aquém do que se fez, por exemplo o filme é excelente artística e tecnicamente e um título escolhido não lhe fazer jus, sendo bem aquém. O contrario também ocorre: um título grandioso para um filme muito menor ou até mesmo medíocre. 

Se há de se escolher ou criar, ou mesmo traduzir um título o que fazer como solução correta?

- Traduzir com inteligência, FIELMENTE se for o mais conveniente; PARCIALMENTE se se mostrar a melhor ou uma boa solução, ou  não traduzi-lo de jeito nenhum , usando o seu nome no idioma original!

"DRAGON BALL" ------- numa tradução literal: "AS BOLAS DO DRAGÃO", numa cultura sexualzada exageradamente e com tendência a fazer piada com coisas ligadas à sexualidade ou sexismo não é difícil imaginar-se o que resultaria em um título desses para o mesmo filme ou animação.

"CAPITÃO SKY E O MUNDO DO AMANHÃ"---- nem é necessário esclarecer que os falantes de língua inglesa não ignoram o sentido da palavra "sky" como se fosse apenas um nome próprio, um apelido sem um sentido objetivo em sua própria língua. Nós falantes de língua portuguesa ou mesmo de mandarim, grego, húngaro, russo etc, podemos tender a pensarmos na palavra "sky" apenas como um nome, assim como nós pensamos na estação russa "MIR" sem pensarmos que signifique "PAZ". Ou quando ouvimos a palavra "PLANETA" pensemos logo em "VAGABUNDO" ou "ERRANTE" ( vagabundo aqui não significa quem não trabalhe ou viva no ócio ). Não resolveria o problema traduzindo todo o título "CAPITÃO 'CÉU' E O MUNDO DO AMANHÃ". Na verdade redundaria em uma confusão maior e em um titulo ainda mais sem graça e sem força.

-Usar-se nomes curtos e portanto facilmente lembráveis e mencionáveis a outras pessoas, promovendo quase automaticamene o filme:

"TITANIC"

"BARBIE"

"TARZAN"

"BATMAN"

"SUPERMAN"

"SPIDERMAN"

"INTERCEPTION"

"INTERSTELAR"


etc

- Usar-se nomes curtos e sem aparente significado mas com sonridade impactante, forte e fácil:


"007"

"MATRIX'

"HULK"

"MISSÃO IMPOSSÍVEL" ( não esclarece e nem oculta a estória do filme e é sonoramente forte, tal qual o título original ( MISSION IMPOSSIBLE  )

"2012"

"2002"

"1984"

ou 

"2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO"

"OLGA" ( um filme brasileiro )

"TITANIC" ( para quem sabe minimamente os fatos realacionados ao navio que realmente existiu tudo bem, mas pense em espectadores sem maiores informações históricas?)

"BARBIE" ( na realidade um apelido para "Barbra em inglês, ou Bárbara em português, nome da filha da criadora da famosa e bem sucedida boneca! )

Bem por ora é isso.

Tente-se lembrar de nomes de filmes que você tenha assistido ou conheça e tente imaginar ou traduzir esses títulos criando títulos melhores. 

Bom trabalho e boa experimentação.


Até a próxima postagem.





Helvécio S. Pereira

Graduado em Desenho, Plástica e História da Arte pela EBA/UFMG
Graduado em Pedagogia e matérias pedagógicas pela UEMG




terça-feira, 4 de julho de 2023

A MÚSICA E DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES IMPORTANTES

 


Q
uando pesamos em música pesamos em duas coisas momentos solenes como cerimonias militares, religiosas e festas. Ou seja a música apenas que funcione como elemento decorativo ou simples entretenimento. Primeiramente em cerimônias ocasionalmente importantes social ou politicamente ou lazer para as massas.

Há também parte de uma pseudociência que parece atribuir à música poderes miraculosamente supostos curativos como no caso do placebo da musicoterapia. O que se sabe cientificamente é que a música melhor elaborada pode causar efeitos substanciais, desejáveis e louváveis em quem a produza e quem a ouça. Pode proporcionar desde uma maior percepção e sensibilidade não só a sons mas também maio r capacidade de organização,elaboração, expressão de ideias além da imaginação em geral.


Estudar ou não estudar Música?

Entender ou não entender realmente de música e a música?

São decisões totalmente pessoais e que cada um deva tomar e ter objetivos mais amplos a serem alcançados pois trata-se de um conhecimento que alguns saberão mais e mais corretamente, mais corretamente lincados a todas as coisas e a uma realidade mais ampla e importante e outros não.

Como vemos a música em nosso próprio país?


Como já vimos a música funciona como elemento secundário embora importante apenas para valorizar algo que se deseje ou com puro e fugaz entretenimento, ou seja um passa tempo e nada mais.

Mas seria só e somente isso e nada mais?

A Música como linguagem,sofisticadamente elaborada e construída, poderia efetivamente contribuir para algum desenvolvimento pessoal e coletivo?o que se ganha ou se perde com o conhecimento musical ou sem ele?


Se examinarmos mais acurada e atenciosamente toda a história humana, constataremos surpresos,que sempre que um povo, uma nação,uma cultura,uma etnia, desenvolve uma arte mais sofisticada,elaborada, isso resulta inegável inexoravelmente, em um maior,melhor e mais decisivo desenvolvimento tecnológico e humano.

Algo como melhor e maior percepção não só dos sons musicais mas de detalhes mais finos ou sutis da própria realidade;maior capacidade de compreensão e de abstração; maior criatividade e domínio das próprias emoções, auto organização, autoconhecimento, de auto crítica etc,  são habilidades realmente notáveis além do espírito colaborativo e sociabilidade.  


Então, já foi dito em outras postagens e textos que há uma importante ligação entre um desenvolvimento artístico mais complexo e um desenvolvimento tecnológico ou seja: todo povo que concebeu uma arte mais elaborada consequentemente desenvolveu uma tecnologia que mereceu destaque. Foi assim com os egípcios e com povos e culturas antes deles que legaram a eles tecnologias importantes. Isso tem ocorrido em toda a história humana, da antiguidade à modernidade. Esse fato ou fenômeno ocorre ainda hoje e francamente visível em nações e países que se destacam hoje pela riqueza,organização social e tecnologia de ponta. 

Isso é mais notório quando se observa pessoa,indivíduos, que oriundos de um lugar e cultura se apropriam dessa arte mais sofisticada. A grande China que passou dois séculos no ostracismo,saltando de um feudalismo atrasado para uma industrialização forçada, colhe hoje avanços tecnológicos surpreendentes após ter rejeitado os livros e conhecimento ocidentais e ter voltado e decidido se apropriar de tudo que tinha desprezado.    

A verdadeira Arte, ou mais precisamente o seu desenvolvimento verdadeiro, proporciona avanços no pensamento abstrato,na imaginação,na criatividade e na correta relação do que se imagina e do que se tem.


segunda-feira, 19 de junho de 2023

AVALIAÇÃO DO ENSINO, DO APRENDIZADO E DA DIFUSÃO DA MÚSICA HOJE NO BRASIL

 




C
ulturalmente ( e isso visto da perspectiva dos valores e prioridades sociais ) o ensino, o conhecimento de música tem seguido dois caminhos aparentemente não convergentes: se por um lado o acesso ao canto e ao domínio instrumental musical têm sido crescente pelo decaimento de preços por haverem mais instrumentos musicais mais acessíveis, professores de instrumentos musicais, professores de canto, aulas grátis e disponíveis na internet com temas antes circunscritos aos conservatórios ou a cursos individuais por outro lado cada vez mais há uma cultura de exploração de bons temas, de maior lirismo e poesia real no caso das canções. 

Apenas recordando a música nasce por mão de um grupo de fanáticos, excêntricos e esquisitos com um lado bastante estranho e outro genial, os gregos ( talvez nem todos fossem gregos ), os pitagóricos. Os pitagóricos não eram escravos, não eram guerreiros e por terem acesso a tantas informações privilegiadas, muito provavelmente eram de ascendência nobre ou de famílias muito ricas. A explicação é bastante óbvia e simples: se fossem escravos mesmo escravos oriundos de dívidas ou vencidos em guerras ( havia muitos casos assim quando não eram tacitamente mortos ) não teriam tempo e nem liberdade para ficarem matutando coisas estranhas. Por outro lado o lendário e quase mítico "Pitágoras" pode ter sido um título, um homem ( e aí as neofeminsitas piram ) ou um grupo místico quase religioso. O fato é que nunca saberemos ou saberemos mais detalhes algum dia se acharem algo enterrado por milênios em alguma caverna. Fato é também que o legado do que intuíram está aí em vários campos da matemática e claro mais objetivamente na música que  bilhões de pessoas sem o saberem devem a ele, o tal de Pitágoras, um grego... ou não.

É também importante que pensemos ou percebamos que a Música é uma das concepções mais elaboradas que a humanidade por meio de algumas pessoas conseguiu produzir. É na verdade a tal da coisa que poderia ser totalmente feita ou concebida de outro modo e poderia simplesmente dar certo e ser totalmente diferente, diametralmente diferente do que a que ouvimos, compomos e usufruímos no nosso dia a dia. Mas curiosamente é esse o sistema, sim a Música é um sistema, que deu certo! Como o latim no passado se sobrepôs a centenas de línguas menores e locais por meio dos romanos; assim como o inglês hoje é predominantemente imposto como uma língua necessariamente mundial em detrimento de outras línguas melhores, mais ricas no seu vocabulário, gramática etc, essa música como sistema idealizado se sobrepôs a outras "músicas" como sistemas diferente inventados antes e depois da música inventada pelos antigos gregos.

Voltando a essa música grega chamada de "Música Ocidental": embora eficiente e completa e justamente por ser um sistema terminado e aperfeiçoado à eficiência, o seu conteúdo não é pequeno e nem simples. O que significa em termos práticos haver um volume imenso de coisas a serem aprendidas e a serem ensinadas, tanto na sua totalidade como nas suas firulas e detalhes menores.

Portanto quem queira e possa se dedicar ao estudo da música deve começar cedo, ter um estudo constante e progressivo e alcançar os mais altos níveis de perfeição e exatidão técnica. Mesmo sem entrar em detalhes é fácil para uma pessoa com bom nível de informação perceber ou comprovar esse fato. Logo não será um único professor ( há apenas um caso público de um pianista de ter tido a sua formação devida a apenas uma professora segundo seu testemunho ), um único curso, uma única formação e um único diploma superior a dar ao músico ou cantor ( que também é tecnicamente um músico ) um formação completa, terminada e fechada.

Há um fator a acrescentar no que concerne à música: entram aí a preferência, o gosto, a prioridade do que se irá fazer, tocar, compor, executar, interpretar, produzir, editar, vender, dentro do vasto e complexo mundo da música. Logo e por isso também nem todos, ou na verdade a maioria, pode não querer aprender tudo e pode ter opiniões diferentes sobre muita coisa dentro da própria música, excluindo ou invertendo prioridades dentro do vasto conhecimento musical a disposição e a ser estudado.

Tudo o que falamos acima se refere a quem vai, escolheu ou vá escolher viver de música e as demais pessoas, na verdade a maioria? os ouvintes que somos todos nós incluidamente os próprios músicos? Essas pessoas não precisam ou não se sentem obrigadas a conhecer todo o volume compulsório de conhecimentos musicais e essas pessoas ouvirão algum tipo de música e durante toda a sua vida.

Voltando um pouco ainda podemos perceber que a Música sai dos gregos, chega aos demais povos, primeiramente ao lugar onde hoje se reconhece como Europa e aí se desenvolve principalmente graças ao cristianismo católicos e depois protestante. No Brasil o primeiro instrumento musical ocidental foi a viola caipira. Nos EUA foram os instrumentos musicais disponíveis pelos ministros religiosos tanto católicos como protestantes na sua maioria ( justamente por terem fugido da Europa por perseguições religiosas pós Reforma Protestante ). Logo no seio das igrejas cristãs tanto aqui como lá essa música pode se desenvolver na prática em que uns ensinavam diretamente a outros.

Tal processo se dá ainda hoje no Brasil e se deu muito no século XX, que parece tão distante mas que não ocorreu há tanto assim. O conhecido cantor popular Caetano Veloso quando bem jovem tocava piano nas missas, o também conhecido cantor compositor como o Caetano Veloso, Milton Nascimento cantava em coral também em igreja católica em sua cidade de criação. Os exemplos tanto mais anteriores como bastante recentes conferem formação musical, oportunidade de apresentação por intermédio de igrejas. A lista é grande principalmente nos EUA, Tina Turner falecida recentemente, Michael Jackson, Prince, Whitney Houston, Ray Charles, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, enfim a lista é interminável!

Muitos ou todos esses grandes músicos e cantores não teriam acesso à música como linguagem e exercício artístico, conhecimento formal e prático se tivessem que ser bancados seus estudos de forma institucional e com certificação. Pode ser dito de 99% deles que se autoformaram pela oportunidade lhe a vida lhes concedera. Claro e também é verdade que o grande lance do sucesso deles se deve a um segredo individual quase que guardado a sete chaves e não compartilhado dando a ideia, passando na prática a ideia de que eram ou são únicos. Isso faz da música e dos artistas do universo da música de não repassarem tão facilmente ou esclarecerem muito sobre o seu conhecimento musical. É como se fosso o grande segredo ou a chave do seu negócio. Desse modo é muito importante que o público, o grande público, aprecie o seu "talento" e mantenha essa admiração justamente por não saberem a fundo ou mais profundamente  nunca o que de fato está sendo feito. Essa áurea mistério, de algo secreto é que mantém a admiração fanática e interminável por parte dos fãs beirando certo amor religioso mítico.

Justamente por isso a difusão do conhecimento musical não é difundido ou incentivado no Brasil comparativamente a outros países do mundo, pois a ignorância das massas é importante para a classe musical artística. Antigamente se difundia contra o governo militar brasileiro que "políticos, governantes, não desejava a educação do povo para se manterem no poder". Com relação aos políticos não é a máxima verdade pois a qualidade da educação comprovadamente não depende só dos políticos, a educação brasileira tem muitos outros problemas sendo o pior deles o da pueril contaminação ideológica mas com relação aos músicos é justamente a ignorância musical que produz cada vez mais um público menos crítico, exigente e menos sensível ao que seria a uma maior complexidade e sutileza de uma criação musical.

Diferentemente de outros países, pessoa com curso superior no Brasil em áreas que não passaram pela estética musical ou artística têm hoje um péssimo e infantil gosto musical. Isso não ocorre, por exemplo, fatcualmente, na guerra em andamento entre Rússia e Ucrânia quando em gap entre bombardeios pessoas tocam seus instrumentos de orquestra peças preciosas da música erudita. Aqui se houvesse batalhas e bombardeios, numa presumível pausa se tocaria numa estéria "torre de som " um funk proibidão". O pior que professores mais jovens egressos de cursos de humanas espalham que música "erudita" ou "clássica" é uma música elitista e falsamente dita como "melhor", o que não é nem de longe uma verdade. Países outrora comunistas como Rússia, Polônia, Georgia, Ucrânia, Romênia e tantos outros, a China hoje, a Coreia do Sul capitalista e o Japão, incentivam grandemente a educação musical nas escolas desde a infância, fazendo parte da formação e informação oferecida a seus cidadãos para que conhecendo tenham elementos de julgamento e de preferencia baseadas em informação advinda da formação escolar oferecida a todos.

As escolas conficionais ofereciam em sua grade escolar a matéria "música" mas a falta de professores com formação musical e licenciatura para dar aulas em escolas com crianças e adolescentes fez que eles não existissem mais aliada a uma definição duvidosa de "conteúdo recreativo", impossibilidade de avaliação séria, de reprovação e por ser "difícil" alijaram a Música das redes de educação públicas e até privadas.

O resultado a médio e a longo prazos não poderia ser pior: ignorância tal que artistas de qualidade não são mais ouvidos, reconhecidos, conhecidos e pior compreendidos em suas obras e propostas. Você vai a um shopping ou a um supermercado e a música de fundo é toda uma play list de canções antigas em regravações tecnicamente mais modernas mas raramente ou nunca as de sucesso atuais nas rádios e nas mídias. 

Geral mente estudar música é uma preferência individual e ainda inexplicável do ponto de vista da ciência ou seja não sabemos totalmente porque certa pessoa prefere fazer algo e não outra coisa ou ao contrário. Sabe-se, observa-se que uma tendência natural aliada as vezes a uma real exposição a uma condição faz com que essas presumíveis escolhas aconteçam. Por exemplo alguém na infância ou na adolescência pode se maravilhar com determinado instrumento musical. Eu por exemplo me maravilhei com o órgão de tubos, pouco comum e só disponível em uma igreja católica próxima onde fui eu criado, a catedral de Senhora de Lourdes, a única igreja de todas em Belo Horizonte a ter esse instrumento musical caríssimo. Alguns anos depois pude ouvir e ver prazeirosamente na Igreja Batista de Lagoinha dois virtuoses organistas, agora em um órgão eletrônico: Pedrinho Bevilacua e Pieter Brosveld ( os dois são "pedros") que tocavam o mesmo instrumento maravilhosamente. Alguns anos depois tive algumas poucas aulas de órgão. Na faculdade de Belas Artes ( EBA / UFMG ) tive um colega chamado "helvécio", um xará, professor aposentado, pós-doutor em química que por hobby tocava órgão. Tive também um grande professor de matemática no ensino médio que também por hobby tocava órgão, soube depois. Outros instrumentos musicais como violão, meu pai tocava violão clássico e meu sogro saxofone e clarineta. O piano me maravilhava e ainda me maravilha não só pela sonoridade como também pela aparência marcante dos grandes pianos de cauda.

Logo cada pessoa se achega a música ou se interessa e decide aprender mais da linguagem musical e principalmente um instrumento ou canto ( a voz é também tecnicamente um instrumento musical, aliás o primeiro de todos ) por motivos causais, acidentais, inexplicáveis e oportunistas. Podemos mesmo afirmar que não há uma lógica cem por cento infalível que determine a escolha de cada pessoa. Muitos curiosamente também ( e não são poucos ) após aprenderem e se dedicarem por anos à música ou a um instrumento ou canto de repente abandonam tudo e vão fazer outra coisa. É o ser humano com suas indecifráveis possibilidades de escolhas, o tal do livre arbítrio, tudo é possível.

Mas para que haja escolha deve haver a possibilidade! impossível pretender tocar um piano de cauda ou uma guitarra elétrica se não houver nem um piano e nem uma guitarra. E não estou falando de poder ter um ou comprá-los mas de sua existência concreta no mundo. O grande J. S. Bach não tocou piano em sua vida embora as suas obras soem perfeitas tanto nos pianos como em quaisquer instrumentos musicais. Não havia sido inventado o piano em seus dias.

Concluindo: o ensino de música é ruim e menos do que deveria e as consequências tanto "musicais" como outras de cognição, controle emocional, desenvolvimento de sensibilidades mais sutis, observação, atenção  e organização como disciplina individual e coletiva etc, bem como tantas outras capacidades louváveis não são desenvolvidas se há uma deterioração de valores e de informações. A realidade já está comprando alto preço de nossa sociedade por essa lastimável falha.

Por Helvécio S. Pereira
Belo Horizonte 19062023

SOBRE MIM


Graduado em História da Arte, desenho e plástica pela EBA /UFMG

e em pedagogia pela FAE/UEMG

Professor de duas redes públicas em Belo Horizonte Minas Gerais e ex-formador  da GPLI, ligada à Secretaria da Educação da PBH por cerca de seis anos.

Brogueiro desde 2011, professor, compositor, pintor, ilustrador e desenhista



Quer comentar esse artigo? logue-se e comente!

quinta-feira, 15 de junho de 2023

A MÚSICA DA COMPOSIÇÃO À DISTRIBUIÇÃO E VENDA

 



 Como surge a música, como ela se origina?

Poucas pessoas param para pensar seriamente sobre esse fenômeno. Primeiramente a música só existe na experiência humana porque simplesmente somos programados biologicamente para gostarmos de música. Uma girafa pode ouvir uma peça musical mas é quase improvável que se interesse em ouvi-la ou que se emocione de alguma forma com ela. Da mesma maneira um chimpanzé. Menos ainda uma serpente ou uma abelha mesmo porque são ambas surdas ( e não são as únicas ).

Se somos biologicamente capazes de ouvir música podemos e fizemos isso bem no início da nossa história humana, de criarmos algum tipo de música. A primeira certamente a ser produzida, composta, foi certamente uma música intuitiva ou primitiva. Com a sistematização a partir de criação de sistemas musicais com regras pré definidas, pudemos compor músicas mais dentro de determinados padrões, o que fazemos até hoje, com maior ou menor sofisticação mas sempre seguindo um dodo de fazer, uma receita de bolo.

Claro, se antes a composição era esporádica, movida por razões místicas ou festivas, resultado de bebedeiras, ocasiões marcantes como nascimentos, coroação, vitórias em guerras, casamentos e mortes bem como em ritos religiosos, com o advento da indústria da música, ela passa ser uma necessidade para suprir um demanda de pessoas que compram aparelhos de som e outros apetrechos para ouvir  música.

Desse modo a composição musical para a indústria do entretenimento ( incluindo cinema, games, propaganda, tv ) é sempre intencional e dirigida a um público consumidor. Entretanto em todas as situações há uma intenção e know how, algo como fazer a música.

Logo a pessoa, a figura de um compositor não só é essencial, necessária, mas sem ele nenhuma  peça musical, nenhuma obra musical, da ruim a de excelência, da simplória a sofisticada existiria.

Mas como uma musica nasce na mente de um compositor?

Não há uma conclusão final, uma explicação definitiva que explique todas as situações de composição e de criação musical, o que se aceita com certa unanimidade é que há um componente de intuição. O que seria essa intuição, esse fator que dá partida a criatividade? ninguém com certeza sabe! mas é esse componente misterioso que da origem a tudo.

Essa intuição pode ser uma palavra, um assunto, uma situação, algo simples ou ate algo contrariamente bastante sofisticado como uma jogada em um jogo de tabuleiro, não importa, ela existe e real, acontece.

Entretanto se apenas o compostor compor e não registrar, não anotar ou como antes ocorria não ensinar outra pessoa a cantar ou tocar a sua peça musical, ela desaparece naturalmente, deixa de existir logo aos criada.

Entra aí uma segunda personagem, uma segunda pessoa, tão importante quanto quem a compôs, a figra do INTÉRPRETE.

O intérprete não é somente que canta uma canção ou toca um instrumento musical, faz mais do que isso, ele dá vida e alma nova a composição feita por outra pessoa, por outro compositor.  Há poucos casos em que o autor/ compositor é também o intérprete, algo muito comum na música popular e no passado na música erudita, em que os autores/compositores tocavam, executavam publicamente as suas próprias composições.

Um intérprete assemelha-se a um ator, ao cantar ou tocar uma peça musical, deve e revive as emoções ( as vezes recria ) as  mesmas emoções do autor compor uma obra musical. Logo o papel de um intérprete, seja cantando ou executando uma peça musical totalmente instrumental é fundamental no caminho da obra musical após a sua composição.

Entretanto o processo não pára aí. Se parasse nesse ponto todo o processo, o caminho da música, da obra musical chegar até nós ouvintes não se completaria.

Ao final e início dos séculos XIX e XX os processos de registros sonoros possibilitaram a criação de um novo produto, novo no cenário humano-social e tecnológico: a venda do que fora gravado a um público que o compraria. Surge então a poderosa e praticamente mundial indústria fonográfica com todos os seus braços e ferramentas, estratégias que vão desde a produção à distribuição das obras sonoras.

Logo, o caminho que temos, em que a composição musical contemporânea percorre é:


COMPOSIÇÃO >  INTERPRETAÇÃO > PRODUÇÃO 


A maioria das pessoas imaginam que os artistas que possuem e atraem visibilidade são não só eventualmente autores de suas "músicas" mas aqueles que criam e cuidam de todos os detalhes de uma pressuposta composição musical, o que não é definitivamente a verdade máxima. Uma produção musical moderna não é obra de uma única pessoa mas de um conjunto de profissionais tecnicamente especializados, cada um em sua área dentro da produção musical, o que hoje é um trabalho totalmente colaborativo.

Que pessoas fazem parte e são os profissionais necessários e capacitados tecnicamente para a produção musical moderna?

Arranjadores

Instrumentistas ( cada um em seu instrumento musical específico )

Solistas ( contratados para compor um riff, um solo numa transição da canção, como uma ponte, introdução, etc )

Back vocals ( coro ) para cantarem junto ao cantor ou ao fundo de uma peça musical mesmo instrumental.

Engenheiros de som ( responsáveis pela captação de som tanto ao vivo como em estúdios )

Editores de som ( após todo o material gravado edita, apaga, realça, mixa o material gravado dando a forma final e tradicional de uma canção ou peça musical para ser ouvida em diferentes tecnologias seja, vinil (  que está voltando, CD, mp3, ogg, wav, dat  etc )

Artistas gráficos /fotógrafos profissionais que preparam visualmente a obra musical fazendo capas, cartazes, material gráfico para divulgação em geral.

Produtores e editores de vídeo
 para criação de vídeo clips, um recurso moderno para agregar a canções uma segunda mensagem e que se tornou tão ou mais importante para divulgação de músicos e cantores.

Distribuidores que farão com que a obra musical, música ou canção, chegue as diversas mídias: rádio, tv, web etc





Por Helvécio S. Pereira

Graduado em História da Arte, desenho e plástica pela EBA /UFMG

e em pedagogia pela FAE/UEMG

Professor de duas redes públicas em Belo Horizonte Minas Gerais e ex-formador  da GPLI, ligada à Secretaria da Educação da PBH por cerca de seis anos.

Brogueiro desde 2011, professor, compositor, pintor, ilustrador e desenhista


quarta-feira, 3 de maio de 2023

A MÚSICA E A NOTAÇÃO MUSICAL


Q
uando pensamos em Arte, pensamos n Arte como linguagem. Por extensão podemos nos  referir  à  Arte como língua. No Brasil particularmente, são faladas cento e noventa línguas, incluindo o português como língua oficial, todas as línguas indígenas, todos os dialetos e as línguas estrangeiras faladas por descendentes destas várias nações, como brasileiros descendentes de alemães, ucranianos,russos, búlgaros,árabes, israelitas, japoneses, chineses, turcos, gregos, armênios e tantos outros.


Muitas dessas línguas ainda possuem alfabetos diferentes como n ocaso dos ucranianos e russos,de gregos e de árabes, dos israelitas , dos orientais como japoneses, chineses etc, por que a Música, como língua também não a teria.

Muitas vezes temos a ideia que música só é aprendida ouvindo-a, seja cantada por alguém, tocada ou modernamente gravada.  Mas a realidade é outra: não teríamos como tocar peças musicais importantes, centenárias, se elas não tivessem sido registradas quando não havia as possibilidades tecnológicas modernas que dispomos hoje.  

Claro que esta maneira de registrar uma música de modo que de posse desse registro, apenas lendo-o, alguém poderia reproduzi-la fielmente como se tivesse visto uma dia ela sendo executada pelo seu autor, não surgiu e se desenvolveu de forma eficiente e totalmente satisfatória como temos hoje. Passaram-se milênios e depois mais de seis séculos até que esse processo complexo  e absolutamente  criativo existisse como demonstraremos nessa postagem.

Tomando ainda como analogia a língua falada, tanto a música como"língua " como a sua escrita possuem uma "gramática", um modo certo de construí-la, de usá-la e de registrá-la. Podemos mesmo dizer que antes de se tocar um instrumento musical ou mesmo cantar uma canção ou frase melódica , há de ser "alfabetizado" nessa nova língua como na sua escrita. Tanto é verdade que quando alguém escreve e lê "música" é considerado um "falante" de uma segunda ou terceira língua.




E quando começa isso? quando se "alfabetiza-se em música"? 

Geralmente tão precocemente quando a alfabetização "normal", na mesma idade ou até antes , por volta de cinco, seis ou sete anos. Por que no  Brasil, particularmente  é diferente?

O uso da Música como linguagem implica audição e métrica. A música é essencialmente matemática e um fenômeno físico exato. Cada som corresponde a um número exato de vibrações, de ondas sonoras se movendo através de algum meio, que pode ser outra (na maioria das vezes, um meio sólido, ou mesmo líquido,água de um lago,do mar, etc. 

A audição implica capacidade física de ouvir sons, ou mais  exatamente os sons audíveis e agradáveis ao cérebro humano. Mas mesmo esse "ouvir" requer treinamento, desenvolvimento, percepção, educação que raramente é algo "mais natural" a maioria das pessoas.

A maioria das pessoas, na verdade, se não forem ensinadas jamais perceberão diferenças mais sutis ou mesmo relevantes entre sons e outros.

Também como a música, uma peça musical  é de fato um fenômeno com incontáveis variáveis ( notas,alturas, expressões, pausas, silêncios, durações e timbres ) guardar de memória com exatidão todos esses fatos sonoros ou não, é um esforço cerebral aparentemente sobre humano. Imagine a festejada pianista chinesa, Yuja Wang, 35 que sabe de cor, vinte sinfonias? ou mesmo instrumentistas de instrumentos musicais harmônicos que têm ou devem executar  ao mesmo tempo melodias e harmonias, como violonistas, pianistas, organistas?


Daí depreendemos que "aprender música" é desenvolver uma nova e importante capacidade mental ou cerebral, de maneira simples, popular, "torna alguém mais inteligente". Os resultados em qualquer população são também tecnológicos, filosóficos, espirituais, organizacionais.

O senso comum repete a crença e propala de que a chamada música clássica ou erudita é chata por não ter um ritmo constante, uma duração da peça musical premida pela tradição comercial e ser quase sempre muito mais rica em timbres e melodias o que para a pessoa média é uma dificuldade para reter e decifrar sua sonoridade.
  
Entretanto é notória a diferença entre que  desenvolve uma compreensão para uma música mais sofisticada e quem permanece na superfície da musicalidade mais primitiva. Ou seja: o desenvolvimento para uma musicalidade mais sofisticada desenvolve outras habilidades importantes tanto sociais como psicológicas. Daí portanto que independentemente da ideologia, capitalista ou socialista, a música plena, a música erudita é incentivada e apoiada como  fator de desenvolvimento de jovens e de adolescentes tanto que em países da ex URSS e mesmo na China, grandes e destacados músicos eruditos tem se revelado e se destacado grandemente no cenário musical mundial mais sofisticado. 


Música e desenvolvimento



Logo se possível, é muito importante oferecer as novas gerações, o real ensino da música. Há entretanto que ensinar só, compulsoriamente como é feito as meninas na Coreia do Sul, em que tocar piano é oferecido a todas as adolescentes não faz que individualmente todos prossigam no interesse relacionado à música, seja profissionalmente ou mesmo por interesse. Há mitos casos de jovens que estudaram um instrumento, tocaram em conjuntos e orquestras e abandonaram a música. Formação instrumental sem uma imersão na cultura musical assemelha-se  a criar digitadores e nunca escritores. Entretanto é melhor oferecer e oportunizar do que negar e impedir acesso e aprendizado à boa música. Sim pois há boa música e música ruim, outra coisa difícil e muitas vezes negado ideologicamente. Ou seja e também: com oferecimento do aceso a música, talentos e virtuoses são descobertos e apreciem e contribuem para o desenvolvimento humano e geral.











A notação musical em si o que é?

A notação musical ou o registro de uma peça musical sem o método de gravação disponível hoje tecnologicamente é um instrumento lentamente construído ao longo de alguns séculos, particularmente, como o temos hoje a partir do século quatorze na Itália. Consiste em um sistema padronizado que permite execução de qualquer peça musical com grande fidelidade a intenção original do compositor. Esse sistema é mundial e com poucas variações de país para país sendo um dos poucos sistemas globais usados com eficiência no mundo hoje.

É tão importante musicalmente que separa um músico incompleto de um músico completo sendo que dito por um professor a seu aluno já músico e com carreira consolidada "você quer continuar um analfabeto musical?"

Embora a formação musical mais completa tenha outros componentes e não somente a notação musical ela é essencial! meu pai que tocava não profissionalmente violão clássico me disse certa vez: "não toque de ouvido, toque por música!"

Outro destaque é que um pouco diferente da alfabetização normal em que se escreve e depois se aprimora a leitura, em música se começa lendo e por último se aprende a escrever uma partitura.

A seguir alguns vídeos introduzindo a notação musical, assista-os e busque outros na mesma linha. Bom aprendizado!
















Helvécio S. Pereira
Graduado em Desenho,Plástica e História da Arte pela EBA/ UFMG
Graduado e Licenciado em Pedagogia pela FAE/UEMG



sexta-feira, 14 de abril de 2023

NOVAMENTE: A MÚSICA O QUE É?

 




Quando consultamos um livro, um blog ou pesquisamos na internet o assunto "música" ou "história da música" encontramos relatos breves ou mais complexos repletos de informações redundantes e muitas vezes conflitantes. Um exemplo é a datação como afirmações que a música surgiu há 50 mil anos, ou há 13 mil anos, ou a 200 mil anos. Obviamente essas diferenças além de não serem pequenas, todas se excluem mutuamente. Da mesma forma as diversas definições do que seja a Música geralmente ao list=a-las começa com uma declaração ambígua e desanimadora de "que não se pode definir o que seja a música".

Se não pode ser definida por que então tomar o nosso tempo?

Bem a música sim pode ser definida, sua origem, nascimento, descoberta ou invenção podem ser presumidas e são de extrema importância para a compreensão ideal de como nos comportamos, como reagimos e porque exatamente apreciamos "música" nas suas diversas formas e gêneros. Por outro lado além de sua história, nascimento, invenção, surgimento e desenvolvimento que são bastante esclarecedoras, o seu mecanismo e elementos, que ao serem identificados e reconhecidos possibilitam sim que a compreendamos e possamos consumi-la de maneira mais apropriada.

Vale lembrar que compreendendo-a ou não sempre a consumiremos de alguma forma ainda mais contemporaneamente que a tecnologia tornou extremamente fácil, rápido, uma composição, uma produção musical, o seu acesso a bilhões de pessoas em todos os lugares e a qualquer tempo.

É importante lembrar as razões bizarras e artificiais, pouco ou nada preponderantes em que a música se faz presente, ou se torna um hábito obrigatório, compulsório, onde ela não seria de forma nenhum imprescindível. Por que cargas d'água ao comprar um carro de dois milhões de reais teria que ter um rádio, um tocador de música e vários canais para proporcionar um som de extrema qualidade enquanto se dirige? aparente e claramente, nenhuma!

Mas afinal como surge, nasce ou foi inventada a música?

Primeiramente, a resposta à invenção, surgimento ou nascimento da música é verdade em diversas medidas, sendo assim sob certo aspecto a música foi sim descoberta, nasceu e foi inventada. Já explico: a música só existe pois todas as possibilidades para a sua existência já estariam prontas. A transmissão do som pelo ar ( o som não se propaga pelo vácuo! ); por materiais:  através dos ossos de nosso crânio e por materiais dos próprios instrumentos musicais; pela propriedade de cada material existente e sua capacidade de por atrito ou vibração produzirem as ondas sonoras que dão origem aos diversos sons desejáveis e convenientes à música como os sons determinados e também os indeterminados etc.

Sob esse aspecto a música foi descoberta pelo ser humano.

Entretanto há outras considerações pertinentes:

A música aparece entre nós, nos diversos agrupamentos humanos porque simplesmente fomos programados biologicamente a gostarmos de música, tão programados como para nos reproduzirmos. Logo aparente e certamente foi só questão de tempo que a música como diversas outras manifestações e linguagens como a Dança, os diversos idiomas, etc! Sob essa ótica a Música realmente surge, nasce.

Já a invenção da Música ou a Música como invenção ocorre e explicada pois haveria e realmente houve várias formas de se produzir ou fazer música, como houve e há vários gêneros seguindo diversos gostos musicais ou mais exatamente sonoros e rítmicos. Por exemplo a música que maiormente se ouve em todo o mundo é a chamada "Música Ocidental", um modelo, uma fórmula nascida e desenvolvida a partir dos gregos não certamente sem descobertas feitas por povos anteriores a eles e levada a tão grande desenvolvimento que pouco tivemos que realmente acrescentar posteriormente, Essa gramática e portanto essa lógica, o knowhow, o como fazer, se deve exatamente aos Pitagóricos, um grupo excêntrico, um elite intelectual e social que tinha tempo e condições sociais, cognitivas de se ocuparem  com questões além da simples sobrevivência.

Podemos presumir que embora seja a linguagem artística mais popular e mais acessível em nosso mundo moderno tem uma origem não exatamente "popular" mas fruto de uma condição elitista que favoreceu realmente a sua invenção. Vale lembrar que os "pitagóricos" eram todos homens e matemáticos e filósofos que se ocupavam com questões realmente abstratas, até para os homens e mulheres medianos de nosso próprio tempo.

OS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA MÚSICA

Tanto o "ouvir música" que é diferente de "escutar música" como o "fazer música" depende compulsoriamente da experimentação, da prática de conhecer estes poucos elementos que realmente constituem a Música:

A MELODIA

A Melodia que tem a sua origem na fala humana, particularmente nas vozes das crianças e nas vozes femininas adultas. A melodia é a parte de qualquer peça musical ou o fraseado de qualquer instrumento musical melódico que se assemelha a uma frase falada e na maior parte das vezes é ouvida como a parte mais aguda, mais alta em uma peça musical. Assemelha-se a um grupo de pessoas conversando em que a voz de uma pessoa é ouvida acima das demais vozes. Como sons agudos são mais facilmente percebidos que sons mais graves a voz mais aguda e mais facilmente audível é tida como melodia principal. 

Mesmo sem um mais profundo conhecimento musical é fácil perceber em qualquer peça musical sem uma letra cantada em uma língua falada, quando a frase é afirmativa, interrogativa, um  lamento ou uma explosão de alegria.

A HARMONIA

A Harmonia é a parte mais sofisticada da música e embora possa ser resultado de experimentações é a parte mais lógica e que depreende mais teoria e "porquês", o que não ocorre com a melodia que é claramente mais intuitiva e uma cópia da frase concebida para ser falada. Junto com o ritmo e mais do que ele é a parte mais "matemática" da música, embora as escalas que são a base das diversas melodias seja matematicamente exata. Aliás a estrutura da Música como linguagem é totalmente matemática. É patético alguém gostar tanto de música e horrorizar a matemática.

A Harmonia pode ser entendida como a decoração, a roupagem, aquilo que valoriza a melodia e que torna um tema ( uma ideia em música ) algo excepcionalmente belo e cativantemente impactante quando a ouvimos.Muitas peças musicais sem o arranjo criativo, exato e conveniente seriam absolutamente sem graça, um exemplo talvez seria o nosso Hino Nacional Brasileiro, em que a Harmonia e o Arranjo ( falaremos disso mais adiante ) elevam a peça musical a outros patamares musicais.

O RITMO

Não é o último elemento fundamental da música, embora para alguns autores musicistas o seja. O Ritmo é o terceiro elemento fundamental da Música. É o menos "inteligente", o menos criativo embora a troca de instrumentos musicais uns pelos outros, chamados de instrumentos musicais rítmicos, pareça que um ritmo seja realmente muito diferente de outro ritmo, o que na verdade não ocorre, trata-se apenas de um engodo musical e rítmico. Mas a frene ou em outra ocasião esclarecerei convenientemente o que seja exatamente ritmo, compasso, andamento, etc. Por hora o Ritmo é a parte mais "burra" da música assemelhando-se no futebol o atleta que se torna goleiro exatamente por não ter habilidade para jogar na linha. Por favor ritimistas e goleiros não se ofendam , pois é a verdade!

AFINAÇÃO

Listada como o quarto elemento fundamental da música a afinação é o que possibilita a execução dos instrumentos musicais tocando as notas previstas em uma tonalidade e obedecendo a exata sonoridade de cada nota de uma determinada escala musical. Isso vale para os instrumentos musicais e para o canto. Todos os violões do mundo, por mais distantes que estejam povos, músicos, uns dos outros são afinados na mesma altura. Trata-se portanto de uma convenção, um tratado, uma prática objetiva que possibilita que cantores e instrumentistas "falem todos numa mesma língua".

Entretanto a Música assemelha-se a um avião que após ser inventado, construído e pronto para voar não basta ter percorrido esses três caminhos: tem que servir a alguma coisa objetiva e prática, tem que ser útil. Não pode voar simplesmente como prova de que funciona e só para ser visto voando. Muitas vezes na música, cantores, músicos e ouvintes se comportam dessa maneira anacrônica, pouco ou nada razoável e não se dão conta disso. A Música e uma linguagem, portanto não pode e nem é um fim em si mesma. Alguém sempre está dizendo algo e alguém que ouve deveria entender o que foi dito, expressado, ainda que sem palavras de uma língua falada. Mas normalmente não é isso que ocorre. Mesmo no caso de canções ( canções constituem a união de uma melodia com um poema ) seja em inglês ou outra língua, mesmo no nosso velho português as pessoas não se preocupam em compreender o que está sendo dito nas letras das canções, infelizmente.

Outro ponto importante é que não há música ( ou canções ) se não houver compositores, pessoas que criem as peças musicais. Mesmo tendo todos os instrumentos musicais, toda a tecnologia musical, espaços para se fazer e executar música, como casas de shows, estádios, salas de concertos, igrejas etc, alguém tem que criar as peças musicais e ter um motivo para criá-las.

Logo a motivação para compor uma peça musical é ao mesmo tempo uma experiência individual com elementos do coletivo social. Só se diz, só se expressa algo em uma peça musical se o contexto e o que é expresso ou dito seja de conhecimento prévio de quem vá ouvi-la, daí nasce ou surge, ou se desenvolve ou se mantém o chamado gosto musical que termina nos gêneros musicais aceitos e preferidos por grandes grupos de pessoas.

Como exemplo disso temos por exemplo as canções de rock n' roll que surgiram no século XX como as primeiras músicas ( canções ) comerciais feitas na linguagem, expectativa e falando de coisas que os jovens viviam, pensavam e diziam entre si. Antes as canções e músicas tratavam de experiências e memórias de adultos plenamente formados. 

Logo cada gênero musical atende, satisfaz a uma parcela de seres humanos que vivenciam as mesmas coisas e tem semelhantes sentimentos.



O MUNDO JÁ FOI UM LUGAR TOTALMENTE SEM MÚSICA?

A resposta é sim mas certamente por um tempo muito breve. Isso porque os primeiros seres humanos que ninguém sabe quantos foram e que apenas o registro bíblico e mais alguns poucos não judaico-cristãos nos provocam, é que no início foram apenas dois seres humanos, um casal, que muito logicamente ouviu pássaros cantando ( os pássaros não cantam, falam , é apenas a linguagem deles ) e certamente o gosto por ouvi-los e imitá-los acrecidos de frases com palavras humanas deu origem à MÚSICA PRIMITIVA ou NATURAL, a mesma que ocorre hoje e é observada em pequenos grupos de sere humanos ainda isolados em pleno século XXI.

Nessa mesma tese, essa música nasce com MELODIA, frases ditas, cantadas com variação de dinâmica e tonalidade e RITMO, criado com batidas de mãos, de pés no solo, outros movimentos corporais. Logo podemos muito bem supor que a MÚSICA PRIMITIVA nasce sem a HARMONIA que só seria desenvolvida muito mais tardiamente, e no no caso moderno com a referência grega principalmente.

Entretanto e finalmente, nessa nossa atual abordagem, a Música, só pode até o início do século XX ser executada ao vivo. Logo era muito mais trabalhoso ouvir música e graças ao trabalho e à necessidade primordial da sobrevivência, a música, sua execução e audição se reservava a situações especiais como comemorações e rituais religiosos. O que basicamente não mudou mesmo no dias de hoje, sendo o cerne da justificativa ou da oportunisação de tocar e de ouvir música.

Por Helvécio  S.Pereira

Graduado em Desenho, Plástica e História da Arte pela UFMG e em Pedagogia pela UEMG






sexta-feira, 31 de março de 2023

VOLTANDO A FALAR SOBRE A CARICATURA

 O QUE SÃO CARICATURAS?




Caricaturas são retratos, geralmente de pessoas, em que o desenhista, no caso chamado de caricaturista, faz um desenho fiel às características físicas do retratado porém ampliando os presumíveis "defeitos" faciais, corporais, vícios de comportamento, com propósitos claros de desconstrução ( geralmente e novamente de uma figura pública, uma personagem amplamente conhecida ) para mostrar os seus defeitos ou reduzi-lo a condição da mais comum e contraditória das pessoas.

A boa caricatura é de fato impiedosa, não poupando expor o lado mais ridículo que qualquer pessoa possa apresentar. Igualmente não é algo absolutamente justo, pois não pressupõe ser um julgamento público justo com a finalidade de punir quem deva ser punido.

Em geral o desenhista, no caso o caricaturista, escolhe um lado, seja esse lado ideológico ou politico ou de algum outro juízo de valor e quase sempre a caricatura é uma arma impiedosa embora cômica, usada por pessoas, mídias, revistas, jornais, web, para combater e denegrir adversários pois afinal, infelizmente é muito mais eficiente e rápido fazer uma piada do que elaborar argumentos sólidos, factuais para defender os seus próprios pontos de vista em detrimento dos pontos de vistas e opiniões alheias.

A história da caricatura bem como das charges remontam aos séculos XVII e XVIII, variando de região para região, como primeiramente na Europa e depois nas Américas, incluindo o próprio Brasil. Na ausência da fotografia, só inventada posteriormente, os desenhistas retratavam os poderosos e a ilustração acompanhavam os textos com críticas e denúncias ou mesmo defesas ( mais raras ) das personagens de quem se falava.

Modernamente, mesmo com a facilidade e a qualidade das fotografias e toda sorte de imagens as caricaturas embora maldosas e ácidas são bastante apreciadas pelo público em geral que ri das pessoas caricaturadas justamente pela sua aparência denunciadora e patética. Os próprios caricaturados, fonte desta ácida arte, riem de si mesmos ou as fingem ignorar porque afinal, falem bem ou falem mal mas falem de mim. A caricatura lembra, promove e leva a pessoa caricaturada a novos públicos, geralmente mais jovens ou menos afeitos a detalhes e a informações mais consistentes. 

Finalmente a caricatura pode ser somente do rosto ou do corpo inteiro. Quando a cena representa uma ação ou um pensamento mais completo chama-se charge, uma piada, uma anedota em forma de ilustração, geralmente um único quadrinho.Vale ainda lembrar que uma mesma celebridade pode ser caricaturada por caricaturistas diferentes e as caricaturas resultantes serem bastante diversas, representando cada uma apenas um ponto de vista e dando mais ênfase a uma característica "negativa" da pessoa retratada.

A seguir uma galeria de caricaturas de algumas celebridades brasileiras e internacionais.












                                                                              














 


 


 
Helvécio S. Pereira
Graduado em Desenho,Plástica e História da Arte pela UFMG e em Pedagogia pela UEMG



COMPARTILHE ESSE POST!

AS MAIS VISTAS NO BLOG

AMADORES...quando vídeo e música se fundem

GALERIA DE ARTE

GALERIA DE ARTE
Retrato de mulher Artista Henrique Maciel BH/MG técnica Grafite sobre papel
Powered By Blogger

Estamos cadastrados no BlogBlogs!

Marcadores