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terça-feira, 23 de abril de 2024

ARTE, HABILIDADES E O EXAGERO DO CULTO A ARTISTAS


As
habilidades são manifestações importantes e algumas delas fenômenos humanos bastantes  visíveis e reconhecíveis. Mas não são as únicas pelas quais uma pessoa qualquer ser humano pode se realizar ou se tornar uma pessoa que viveu nesse mundo e contribui de forma importante ou anônima para a sociedade humana.


Mas afinal o que são habilidades?

Habilidades são facilidades ou tendências felicitadoras a realização de tarefas que para outras pessoas são aparentemente impossíveis, difíceis ou mesmo que feitas por elas com pouco ou nenhum brilhantismo. As habilidades podem ser natas, ou naturalmente nascidas com as pessoas, ou adquiridas como coisa nova e estranha a sua cultura e etnia originais. Ambas, as natas ou adquirias devem e podem e devem ser desenvolvidas.

Todos temos habilidades, compreendidas ou teorizadas durante certo tempo como inteligências, emocionais. Teorias e teses surgem sendo questionadas e às vezes modificadas, fazem parte da moda ou deixam de sê-lo. Entretanto, a realidade não muda conforme o nosso gosto e habilidades limitadas ou não por algum conceito passageiro não deixam de ser um fato, elas existem, são observáveis e a partir delas vemos em todo o tempo vemos coisas sendo realizadas através delas.

Baseado exatamente nessas características mal dimensionadas e quase sempre não tão correspondentes a realidade, é que se elege e se sobrevaloriza o trabalho e produção de muitos considerados artistas tidos como geniais. Frida Karlo, entre tantos exemplos ( que não são poucos ) constituem esse tipo de fenômeno em que uma pessoa é elevada como personalidade e agregado a sua panfletação social, se consolida como verdade o seu pressuposto trabalho e suspeito talento. E não se trata, também nesse exemplo, de uma inexistência de um registro ou relato de que as coisas não sejam bem assim, entretanto a consolidação e o tempo em que apenas um lado da história é levado ao grande público. Frida, por exemplo, hoje seria uma personalidade pelo uso eficiente das atuais redes sociais. Quem compra um dos muito livros de impressão nobre, capa dura e centenas de páginas com imagens dela, do seu dia a dia e de suas obras ficará convencido pela narrativa distorcida que a acompanha, inclusive como convém aos panfletários, como autêntica representante da arte moderna mexicana, como feminista, comunista e ultimamente bissexual. Tal como ela artistas impressionistas importantes, que hoje se sabe que o nível de impressionismo crescente em suas obras até ao final da vida, só se tornaram mais sintéticas, quase abstratas, não por um talento, exatamente por um progressivo problema de visão. 

Mas voltando, em nossa rápida reflexão, o que seria talento, como capacidade genuína de produzir algo novo, não, é algo fácil de ser encontrado, o tipo de produção artística desse nível igualmente, permanecendo para sempre, atravessando épocas muito tempo depois da do próprio artista. Que dizer de J.S. Bach, que não criou o contracanto, que, aliás já era um gênero fora de moda  e portanto ultrapassado em seu próprio tempo, usando-o com perfeição não ultrapassada em suas obras. Não sendo famoso, ou tão famoso e não tendo reconhecimento em vida e em seu próprio tempo, só é reabilitado mais de cento e cinquenta anos depois, sendo que até hoje não foi superado. Quando se fala de Bach, sua genialidade e obras são um ponto sem contestação. Todo músico, se deseja se aprofundar em música, não pode omitir Bach e suas obras. Lembrando que habilidade ou é nata ou adquirida e de um modo ou outro  tem que e deve ser desenvolvida.

Outro elemento importante é a experiência que é traduzida pela carreira. A carreira de qualquer artista, com sua produção, divulgação e o falar sobre si e sua obra é um conjunto de dados, que vistos e analisados por alguém de fora, constitui uma linha do tempo que muito pode dizer sobre a qualidade e a profundidade  de uma obra e de um pensar de um artista. A mídia moderna, como os críticos de arte, jornalistas no passado, sempre têm um papel muito importante na elevação de um artista a um status que o destaque e da sua consequente divulgação social, abrindo portas e consolidando o seu nome no conceito e análise acadêmica. 

Frequentemente se vê em todas as áreas artísticas alguém eventualmente é elevado como o maior guitarrista, maior pintor, maior solista, maior bailarino, maior caricaturista, maior compositor, etc, às vezes sendo e na maioria das vezes sem a menor e mais sólida justificativa e argumento. Vale lembrar que em muitos casos, todos os artistas com formação acadêmica semelhante, pianistas, por exemplo, naturalmente sabem a mesma coisa, e, portanto, aptos a, por exemplo, tocar as mesmas obras musicais (falando de pianistas e outros instrumentistas ). No caso de desenhos e pinturas, a diversidade de gêneros e estilos, deve ser considerado que essas diferenças naturais, impedem de uma comparação mais objetiva.

O que fazer?


Ter um olhar mais objetivo e mais livre dos interesses mais midiáticos  e das naturais não neutralidades do próprio mercado artístico, desde produção musical, galerias de arte, museus e merchante. Tem um peso às vezes nefasto e duvido, o do jornalismo de arte, sem dúvida com grande teor de contaminação, interesses e de gosto pessoal, entenda-se opinião dos que escrevem sobre arte e artistas. Finalmente vale o cuidado expresso pelo grande dramaturgo Ariano Suassuma em crítica a um outro crítico musical dizendo: "Se eu chamar o Ximbinha de gênio, que palavra devo usar para Bach?"

Há artistas verdadeiros, artistas que mereçam reconhecimento e cujas obras fazem jus a uma permanência positiva na produção social humana, influenciando também positivamente o surgimento de ovos artistas e desenvolvimento de novas linguagens artísticas bem como comprovada sensibilidade para temáticas significativas?


Sim, os há, sempre existiram e existirão mas não só não constituem a maioria dos artistas, como não sempre tratados com justiça pela mídia princialmente, bem como pela crítica acadêmica, de modo a dar-lhes a visibilidade necessária e repetindo, justa. O que mais vezes vemos prevalecer são artistas medíocres ou nem tanto artistas na melhor acepção da palavra sendo alçados à celebridades e suas pseudo obras recebendo elogios rasgados e críticas amaciadas e relativas, conforme mercado e mercadores de arte se aliem para ganharem lucros.


O que fazer ou como reagir ao cenário artístico diante de nós?


A Arte nos é exposta circunstancialmente em cada cultura, povo, nação e pais, sem ordenação efetiva ou apesar de uma ordenação oficial por meio de instituições nacionais como educação, cultura referendada, etc mas nunca será isenta de oportunismo, tendencionalismos e favorecimentos pessoais. Logo, cabe a cada pessoa, a cada um de nós, diante do conjunto de obras a que somos eventualmente expostos, termos substratos pessoais para fazer uma leitura de cada produção artística, seja em que linguagem for e selecionarmos o que realmente, sob nossa ótica e experiência valha realmente a pena. Só assim se escapa da imposição mercantilista ou movida por outro motivos estranhos.


Por Helvécio S. Pereira



Graduado pela EBA/ UFMG em Desenho, Plástica e História da Arte
Graduado pela FAE/ UEMG em Pedagogia em em matérias pedagógicas


Belo Horizonte, 25 de abril de 2024.

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