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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O QUE FALO DE ARTE E O QUE EU FAÇO DE ARTE

Um excelente professor de História da Arte, na EBA ( Escola de Belas Artes da UFMG em que me graduei em Desenho, Plástica e História da Arte ) certa vez, informalmente fora da aula me inquiriu em tom de brincadeira: "-Helvécio, já se decidiu em ser um artista?" Não me lembro exatamente o que respondi naquele momento mas com certeza não foi uma resposta afirmativa e posicional.

Houve um tempo em que o Ensino de Arte era direcionado a formar decididamente artistas, em que se ensinava desenhar, pintar, modelar, etc com as limitações instrumentais e de interesse. Posteriormente um contra movimento a esse passou a não ensinar praticamente nada em detrimento do para esses a indesejável "arte acadêmica". Hoje, como resultado, temos em espaços e linguagens diferentes, os dois extremos: na música em que se ensina duramente tudo que envolve à área do conhecimento e na pintura, só um exemplo, tudo é aceito e acatado como um exercício supostamente pleno de "criatividade".

Desse modo temos em algumas áreas do ensino ou das diversas  linguagens artísticas em que a transmissão de informações, a formação de novos utilizadores da linguagem artística se efetivam de modo diverso e cuja exigência de qualidade, por essa causa, é também diversa.

A Arte, ou manifesta  nas suas diversas linguagens é apenas meio e não fim e os artistas, como produtores de conteúdo artístico, normalmente criam, produzem, por encomenda ou fomento de alguma instituição ( governamental, religiosa, ideológica, instituto político ) e dificilmente, raras exceções para si mesmos.

Desse modo, a Arte ou individualmente artistas, não são sujeitos independentes e totalmente isentos. Mesmo porque enquanto dominam a técnica de uma linguagem artística específica, quase em regra, não possuem profundidade no tema que irrecusavelmente recorrem para sua produção.

Incrivelmente, poucas produções humanas são tão subservientes ao seu tempo, época, valores, comportamentos, modismos como a Arte ou mais exatamente o que através dela é produzido, reforçado, como coisa artística. Mesmo quando apressadamente reconhecida como contraditória, revolucionária, reflete sempre, ou na maioria das vezes, um pensamento, ideia, ideologia, crença dominante.

Outro ponto observável e relevante é que embora a técnica seja importante em certa conta para qualquer produção artística, par ao verdadeiro artista, é apenas meio e não fim. Nenhum artista verdadeiro põe em prática uma técnica para simplesmente dizer eu sei ou faço melhor mas por outro lado o nível de exigência faz com que ele utilize a  técnica mas apurada, eficiente, com complexidade instigadora. Eventualmente um "erro" pode ser permitido em nome da ênfase em outro "acerto" criativo. A competição se há, e há, é em nome do que se tenha a dizer, que se possa dizer, e não como consigo pintar, cantar, tocar, esculpir, escrever, etc.

Uma orquestra sinfônica é um exemplo de seleção técnica apurada para a escolha de seus músicos. ma vez selecionados se tem a mais absoluta certeza de que se tem o melhor quadro de músicos, plenamente capazes de executarem qualquer obra musical por mais complexa que seja. Quando um solista é convidado, o é apenas por sua singularidade expressiva, não por capacidade técnica  impossível de ser igualada. Mesmo na música popular, quando vários instrumentistas e cantores se apresentam não e a capacidade de tocar que cria uma competição entre si, mas a expressão singular, musicalmente falando de cada um deles.

Do mesmo modo pintores, escultores, fotógrafos, cineastas, atores, não competem em um exibicionismo infantil para mostrar ao público quem é melhor... isso se dá entre amadores, ou em concursos para cantores patrocinados por canas de tv.

Desse modo é o que cada pode dizer e não  a capacidade de fazer, embora virtuoses sejam sempre reconhecidos é motivo de admiração e de socialização de algo que se pode fazer.

Quando eu pinto, desenho, componho ou toco, não é o desejo infantil de mostrar olha como eu sei fazer algo" mas a oportunidade de dizer, expressar algo, que me interesse e queira expressar a mim mesmo primeiramente e depois compartilhar com alguém que entenda. Desse modo também artistas criam e oportunizam convivências com aqueles que têm alguma afinidade com seu sentir, pensar e expressar, formando assim guetos naturais que os promovem, em que se bajulem e lhes efetivem suporte.

Desse modo raramente artista "a" ataca e estabelece conflito com  artista "b" oposto ao que ele mesmo faz. As vezes a mídia especializada ou interessada em notícias de gosto populares promove uma falsa competição entre "a" e "b", sendo benéfica para os dois dando a ambos certa visibilidade. Isso aconteceu muitas vezes no passado e ainda acontece no que se refere à cultura de massa. Mas isso não constitui o exercício e o progresso normal da verdadeira arte, se assim podemos chamar e pensar.

Muitos artistas produzem o que querem sem servirem à alguma instituição, ideologia, modismo, e ou são reconhecidos pós morte, ou casualmente pelo conjunto de sua obra quando circunstâncias favorecem sua maior visibilidade, geralmente um episódio fortuito e desobrigado, não marcado e não determinado.

Por Helvécio S. Pereira*

*graduado em Desenho, Plástica, História da Arte/ pedagogo


ALGUNS DE MEUS QUADROS








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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O URBANISMO E O PAISAGISMO

O estudo acerca da pouco reconhecida linguagem da Arquitetura, deve ter um objetivo bastante claro: Reconhecer que cada e toda forma de construção humana, ultrapassada a mais simples necessidade de proteção ou de sobrevivência, se traduz em uma forma objetiva de expressão ou seja: construímos coisas para expressar algo!

Dessa forma os investimento e os gastos em empreendimentos grandiosos vão muita além das necessidades mais objetivas. Isso é visível e portanto comprovável em uma variedade de situações universais. O mega empresário Eike Batista, afirmou em uma entrevista que ele mesmo desenhou a mansão em que vive no Rio de Janeiro, construção essa que demandou trinta anos entre a concepção, adaptação e resultado final, concepção essa sempre ligada ao seu estilo particular de vida e seu trabalho.

Em qualquer cidade do mundo, em qualquer cultura, cada edificação expressa finalmente a cultura, os valores, as crenças, enfim o modo de vida das pessoas daquele lugar e época. Semelhantemente às roupas, que expressam esses mesmos elementos cotidianamente, em tempo integral, mas são descartadas periodicamente, a arquitetura registra e expressa sem descarte tão imediato as mesmas coisas, os mesmos elementos culturais humanos.

Moda e arquitetura expressam de maneira genérica, sintomas, vícios, bem como valores positivos ao lado de negativos. A falta de banheiros nas casas de brasileiros abastados no Brasil colonial e escravagista é um sintoma do à época, de um trabalho degradante aceito ou ainda visto como natural. Mesmo em nossa sociedade atual, democrática, relativamente igualitária, há elementos arquitetônicos que são sintomáticos de como somos como sociedade.

As chamadas favelas em oposição às áreas nobres da sociedade denotam desorganização e falta de regulação. Trazem indicativos também sobre o gosto ou a preferência por silêncio, respeito aos espaços públicos, grau de privacidade, exibicionismo, intimidade ou não, etc. Vemos o tipo de relação entre as pessoas em uma comunidade pode ser vista nos templos religiosos, nas dependências e prédios escolares, nos prédios públicos, nas vias públicas, no cuidado ou não de praças, jardins, parques, etc.

 A Arquitetura e o urbanismo, como parte integrante dela, bem como o paisagismo constituem a face visível de uma determinada sociedade e cultura, correspondendo a um conjunto de soluções funcionais ou não para as suas diversas e complexas demandas.

Por Helvécio S. Pereira*

*Graduado em Desenho, Plástica e História da Arte / Pedagogo







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domingo, 11 de novembro de 2018

A ARQUITETURA GÓTICA E OUTRAS ARQUITETURAS ANTIGAS

Em minhas aulas de Arte, disse aos meus alunos que a Arquitetura é não só uma linguagem da Arte pouco reconhecida pelas pessoas comuns como ignorada embora ela esteja com uma presença em nossa vida mais permanente que a linguagem das roupas ou da música.

Pense ainda que ao contrario ou diferentemente das roupas ( linguagem da moda ) e da música ( clássica, popular, folclórica, primitiva, etc ), não descartamos, pelo menos sempre, e em épocas mais recentes,construções de diferentes idades. As nossas cidades, grandes, médias ou pequenas, em todo o mundo, das mais antigas às mais novas e planejadas, velhas construções, construções importantes pela sua função ou como memória, permanecem juntas a construções mais novas.

Desse modo um viajante mais atento e com informações suficientes terá sempre um olhar diferenciado e compreenderá através delas a cultura, os valores, as crenças e os ideais de um grupo humano, seja em uma cidade, um país, uma cultura.

Construções são o registro mais perene de como pensam e como agem os seres humanos em uma época, lugar e o que esperam na suas próprias vidas e além dela, nesse mundo ou em algum outro.

Por Helvécio S. Pereira*
*graduado em Desenho, Plástica e História da Arte / pedagogo


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