Graças às mais recentes polêmicas e embates ocorridos no Brasil em torno de algumas exposições tidas como puras e inocentemente artísticas e pela polarização entre grupos heterogêneos encapados em torno de propostas e ativistas de esquerda contra outros intitulados homogeneamente "cristãos fanáticos", "retrógrados", "evangélicos corporativistas", embora essa não seja a verdade, pois fazendo oposição aos primeiros há muitos gays, kardecistas, judeus e certamente todos os muçulmanos como ortodoxos, ateus, etc. Logo se há uma oposição e uma negação no reconhecimento positivo de uma produção artística reprovada, essa oposição não é genericamente "religiosa" ou "conservadora" como desejam fazer crer os que a apoiam descredenciando a priori toda e qualquer crítica contra ela. Os que a criticam a criticam por sua falta de qualidade e por estar, de fato, a serviço a certas ideologias e teorias, e essa é uma verdade!
O que nos interessa no momento e é de fato a contribuição a todos nessa discussão e embate que muitas vezes foge do principal, se é arte se não e sendo arte se é válida ou não ou sob quais critérios objetivos pode ser de fato analisada, aprovada, reprovada, recomendada ou descoberto o seu embuste e da falsidade dos que a produzem ou não.
Já foi dito aqui em outras postagens e em outras ocasiões que nenhuma arte, mais especificamente nenhuma obra de arte, é produzida gratuitamente no sentido de ser sem motivação interna ou externa à ela própria.
Com essa percepção e compreensão podemos pensar que todo artista ao produzir sua arte parte de
UMA PERCEPÇÃO DE ALGUMA REALIDADE
ou seja:
O artista olha, vê o mundo ao seu redor e dele retira ou elege os temas, os assuntos a serem tratados na sua arte, seja uma peça musical, uma canção, uma peça de teatro, um filme, um livro, uma arquitetura, um urbanismo, um quadro, uma foto, um desenho, uma personagem, etc.
DE UM POSICIONAMENTO OU UMA POSIÇÃO DEFINIDA E CLARA DIANTE DE UMA REALIDADE NESSE MESMO MUNDO, QUE PODE SER O LUGAR EM QUE VIVE, A CULTURA NA QUAL ESTEJA IMERSO OU NUMA ONDA E CORRENTE QUE MOVA A SUA GERAÇÃO
O artista escolhe o que defender e o que combater ativamente através de sua arte.
DE UMA INTENÇÃO E UM INTERESSE EM INTERFERIR NESSA MESMA REALIDADE
Ou seja:
por si mesmo, ou a serviço de alguém o artista produz uma arte com objetivo de modificar de algum modo o mundo diante de si.
Esse ato presunçoso e convencido é o último e definitivo fator que o move. Desde um motivo pessoal, singular, isolado ou a serviço de uma instituição. ideologia, crença, modismo, corrente, teoria, etc.
Isso significa que movido por motivos estritamente pessoais ou ainda sujeitos à alguma instituição é que o artista seguindo certo discurso ou cosmovisão produz finalmente sua obra.
Logo entrevistar um pressuposto artista, colher a sua opinião como
vinda de alguém com status de celebridade é um erro primário e passível
de imediata desconstrução. O artista não tem, só por ser artista, razão
sobre coisa alguma, seja qual for a posição que defenda ou seja
ativista. Isso não impede igualmente de estar eventualmente
correto e bem embasado em suas posições, trata-se apenas de uma relação e
probabilidade de cinquenta por cento para cada lado, e não acima da
real informação e dos reais fatos.
Há entretanto casos de especialistas em algum assunto que em segundo
lugar são também artistas ( o guitarrista/ compositor/arranjador, Bryan
May da conhecida banda Queen é doutor em astrofísica! ), mas esses casos
e essas situações são menos comuns. O que é importante lembrar e
relembrar é que a Arte e consequentemente seus artistas não são
independentes, não estão acima das leis, da ética, da cultura
predominante e quando manifestam rebeldia gratuita são bancados por
algum lado, cuja arte se mostra conveniente ou lucrativa, ou ambas as
cosias, para conferir visibilidade e notoriedade a uma determinada
causa.
Por Helvécio S. Pereira*
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O QUE ACHOU DESSE ASSUNTO?