Muitos acham que é desnecessário, mesmo porque é trabalhoso ( não difícil ) estudá-la. Logo para estes "saber" música não é importante e obrigatório. Há ainda os que querem "saber música" para cantar canções ou tocá-las até profissionalmente, O resultado é que temos na nossa população como fruto de tudo isto, cerca de noventa por cento que não entende nada de música ( e se orgulha de não saber! ) mais uns dez por cento que conhecem alguma coisa até tudo sobre música apenas para usufruir dela como trabalho e/ou profissionalmente.
Algo bem diferente do que acontece em certas populações que tiveram o privilégio de terem uma educação mais rebuscada, "conservadora" ( e incrivelmente muito desta educação não moderna e conservadora é dada em países de opção socialista muito mais que a educação de países emergentes ou em desenvolvimento que flertam com "pedagogias mais "progressistas"! ). Nestes países o ensino da música é integrado e oferecido tradicionalmente nos velhos e melhores moldes, como deve ser realmente ensinado para garantia de qualidade e de um desejável e sempre possível aprimoramento musical. E há ainda países como o Katar e a África do Sul que investem o enino de música ( de música mesmo! ) desde a escola primária!
Além disso há nestes países uma imensa população de ouvintes que sabem ouvir música ( algo que deveria ser acessível a todas as pessoas pois é o básico ) e que vão a concertos, que ouvem os melhores compositores através de suas mais geniais composições e respeitam e reconhecem aquilo tudo que musicalmente foi realizado na história humana, musicalmente falando.
Quando esta educação não é cultivada e dada temos um terreno fértil para todo tipo de oportunistas, sejam "cantores" que não cantam"; "compositores" que não compõem o que realmente vale a pena e empresários do setor que nada se importam com os valores, comportamentos e problemas que inevitavelmente e compulsoriamente ocorrerão na sociedade pois música vai muito além de simples entretenimento impactando de um modo ou outro qualquer geração de modo tão forte que o que resulta de seu fenômeno é até difícil de ser mensurado.
Basicamente o que qualquer compositor musical faz é criar uma ordem e um ritmo para as notas musicais ( que são sempre as mesmas sete, variando pouco oitava acima e abaixo ) e que ser genial não só na criação de uma melodia que tem como núcleo um tema ou a harmonia que pode ser da mais simples a mais rebuscada, não é algo tão impossível e difícil, quase sempre intuitivamente, sendo que os gênios verdadeiros até conseguem compor seguindo uma lógica sim complexamente racional.
Ao ouvinte musical segue a tarefa natural de fazer sempre que possível, parcial ou mais rebuscadamente, um certo tipo de engenharia reversa. Exatamente o que faz o público ouvinte que teve na escola ou na sua vida uma real educação musical. Basta no Youtube verificar os comentários deste público comparadamente ao nível simplório e com crassa demonstração de ignorância total, até de boas peças e obras musicais e exemplares interpretes.
Ter portanto um chamado "bom gosto musical" é muito mais que ter uma playlist ou uma lista de nomes de músicas, canções ou autores. Mesmo para músicos, instrumentistas que tenha a oportunidade de ter estudos mais completos de ´música e de seu próprio instrumento musical podem não alcançar sucesso em decorrência de uma sensibilidade pessoal com relação à própria música, ou seja: não basta nem mesmo "saber tocar" determinada peça musical mas perceber e valorizar todas ou pelo menos a maior parte das nuances desta mesma peça musical ou de toda a produção de determinado compositor.O falecido e consagrado pianista brasileiro Nelson Freire é reconhecido como o único pianista no mundo a gravar toda a a obra musical de J.S. Bach, e isto não é pouca coisa. Ou seja, não basta saber tocar piano e até as obras soltas de J.S. Bach, as mais conhecidas do público, é algo que vai muito além. E se há instrumentistas desde gabarito há igualmente ouvintes com sensibilidade e conhecimento para não só ouvir mas para reconhecer e louvar tais talentos e sensibilidades quase que únicas.
Uma separação interessante e a ser feita é que há uma diferença entre "canção" e "música". Ambas coexistem no universo sonoro nas produções musicais sendo a canção o tipo mais ouvido de de preferência da maioria das pessoas comuns. A ou uma canção é composta com uma letra sobre uma melodia que pode e é na maioria das vezes um poema mas pode ser em prosa também. Uma canção nasce amarrada em um tema, ou seja: o tema, o assunto da poesia nasce primeiro, a partir de uma uma frase ou de uma experiência. As vezes é composta separadamente: um autor compõe uma letra que será unida a uma melodia fazendo as devidas adequações de um lado ou de outro. Outras vezes a letra já é composta imediatamente e com ela uma melodia decorrente do discurso já surge quase instantaneamente. Há ainda a melodia que nasce e fica a espera de uma boa letra que case com a mesma. Há ainda as melodias que por serem consideradas tão boas ou excelentes recebem várias, dezenas de versões em várias e diferentes línguas e muitas vezes com temas até bem diferentes.
Exemplos disto são, um o Hino Nacional Brasileiro que é fruto da obra de dois autores que jamais se conheceram em vida, o autor da melodia ( música ) faleceu muito antes do autor da letra; ainda outro exemplo é a canção "Gente Humilde", a melodia é do compositor Garoto e a letra do cantor e compositor Vinícius de Moraes.
De uma forma ou de outra a melodia historicamente tem na fala humana, tendo uma forte ligação com o ritmo de uma língua, ou seja a fala de um falante em determinada língua dita em muito o ritmo de uma melodia em uma canção.
Uma forma em mais alto nível em uma composição musical é uma melodia e harmonia independentes de uma letra, as vezes só sujeita a uma temática íntima e subjetiva como as obras do compositor erudito russo Rachmaninov que sem letra alguma refletem o espírito de um russo.
Há ainda as versões, as interpretações que criativamente fazem constantes releituras de obras musicais consagradas pelo gosto musical das pessoas, acrescidas de novos arranjos ou nuances que renovam as composições musicais eternizando-as diante de novas gerações.
Há também composições musicais que permanecem inalteradas e com as mesma recepção do público ouvinte, tidas como algo que já signifique um tipo aspirado de perfeição. Estas finalmente são um testemunho e um prova inquestionável da capacidade criativa humana acrescida de verdadeiro brilhantismo.
A maioria das pessoas pensam que ouvir música é ouvir o que gosta. Tal pensamento não é muito razoável ou inteligente. As pessoas tomam conhecimento de composições musicais principalmente via mídia e a mídia divulga o que lhe convém, o que convém ao mercado e sempre sujeita a interesses e influências escusas. Não é de modo algum o modo mais seguro. No passado o rádio divulgava toda a produção musical e já com corrupção, interesses de terceiros, filtrando ao público o que deveria ser ouvido. Com o nascimento da televisão se deu o mesmo e hoje com as redes sociais o processo de divulgação e imposição musical ditado meramente pelo mercado segue o mesmo.Claro que o músico o compositor e a indústria fonográfica como produtores e vendedores de bens ainda que intelectuais necessitam todos receberem pelo que fazem mas este não podem ser todos e nos melhores casos a razão real. Tanto para quem compõe, para quem canta ou executa e também para os ouvintes deve haver razões mais ideias para se ouvir música.
E uma demonstração do mesmo equipamento:
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