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sexta-feira, 14 de abril de 2023

NOVAMENTE: A MÚSICA O QUE É?

 




Quando consultamos um livro, um blog ou pesquisamos na internet o assunto "música" ou "história da música" encontramos relatos breves ou mais complexos repletos de informações redundantes e muitas vezes conflitantes. Um exemplo é a datação como afirmações que a música surgiu há 50 mil anos, ou há 13 mil anos, ou a 200 mil anos. Obviamente essas diferenças além de não serem pequenas, todas se excluem mutuamente. Da mesma forma as diversas definições do que seja a Música geralmente ao listá-las começa com uma declaração ambígua e desanimadora de "que não se pode definir o que seja a música".

Se não pode ser definida por que então tomar o nosso tempo?

Bem a música sim pode ser definida, sua origem, nascimento, descoberta ou invenção podem ser presumidas e são de extrema importância para a compreensão ideal de como nos comportamos, como reagimos e porque exatamente apreciamos "música" nas suas diversas formas e gêneros. Por outro lado além de sua história, nascimento, invenção, surgimento e desenvolvimento que são bastante esclarecedoras, o seu mecanismo e elementos, que ao serem identificados e reconhecidos possibilitam sim que a compreendamos e possamos consumi-la de maneira mais apropriada.

Vale lembrar que compreendendo-a ou não sempre a consumiremos de alguma forma ainda mais contemporaneamente que a tecnologia tornou extremamente fácil, rápido, uma composição, uma produção musical, o seu acesso a bilhões de pessoas em todos os lugares e a qualquer tempo.

É importante lembrar as razões bizarras e artificiais, pouco ou nada preponderantes em que a música se faz presente, ou se torna um hábito obrigatório, compulsório, onde ela não seria de forma nenhum imprescindível. Por que cargas d'água ao comprar um carro de dois milhões de reais teria que ter um rádio, um tocador de música e vários canais para proporcionar um som de extrema qualidade enquanto se dirige? aparente e claramente, nenhuma!

Mas afinal como surge, nasce ou foi inventada a música?

Primeiramente, a resposta à invenção, surgimento ou nascimento da música é verdade em diversas medidas, sendo assim sob certo aspecto a música foi sim descoberta, nasceu e foi inventada. Já explico: a música só existe pois todas as possibilidades para a sua existência já estariam prontas. A transmissão do som pelo ar ( o som não se propaga pelo vácuo! ); por materiais:  através dos ossos de nosso crânio e por materiais dos próprios instrumentos musicais; pela propriedade de cada material existente e sua capacidade de por atrito ou vibração produzirem as ondas sonoras que dão origem aos diversos sons desejáveis e convenientes à música como os sons determinados e também os indeterminados etc.

Sob esse aspecto a música foi descoberta pelo ser humano.

Entretanto há outras considerações pertinentes:

A música aparece entre nós, nos diversos agrupamentos humanos porque simplesmente fomos programados biologicamente a gostarmos de música, tão programados como para nos reproduzirmos. Logo aparente e certamente foi só questão de tempo que a música como diversas outras manifestações e linguagens como a Dança, os diversos idiomas, etc! Sob essa ótica a Música realmente surge, nasce.

Já a invenção da Música ou a Música como invenção ocorre e explicada pois haveria e realmente houve várias formas de se produzir ou fazer música, como houve e há vários gêneros seguindo diversos gostos musicais ou mais exatamente sonoros e rítmicos. Por exemplo a música que maiormente se ouve em todo o mundo é a chamada "Música Ocidental", um modelo, uma fórmula nascida e desenvolvida a partir dos gregos não certamente sem descobertas feitas por povos anteriores a eles e levada a tão grande desenvolvimento que pouco tivemos que realmente acrescentar posteriormente, Essa gramática e portanto essa lógica, o know how, o como fazer, se deve exatamente aos Pitagóricos, um grupo excêntrico, um elite intelectual e social que tinha tempo e condições sociais, cognitivas de se ocuparem  com questões além da simples sobrevivência.

Podemos presumir que embora seja a linguagem artística mais popular e mais acessível em nosso mundo moderno tem uma origem não exatamente "popular" mas fruto de uma condição elitista que favoreceu realmente a sua invenção. Vale lembrar que os "pitagóricos" eram todos homens e matemáticos e filósofos que se ocupavam com questões realmente abstratas, até para os homens e mulheres medianos de nosso próprio tempo.

OS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA MÚSICA

Tanto o "ouvir música" que é diferente de "escutar música" como o "fazer música" depende compulsoriamente da experimentação, da prática de conhecer estes poucos elementos que realmente constituem a Música:

A MELODIA

A Melodia que tem a sua origem na fala humana, particularmente nas vozes das crianças e nas vozes femininas adultas. A melodia é a parte de qualquer peça musical ou o fraseado de qualquer instrumento musical melódico que se assemelha a uma frase falada e na maior parte das vezes é ouvida como a parte mais aguda, mais alta em uma peça musical. Assemelha-se a um grupo de pessoas conversando em que a voz de uma pessoa é ouvida acima das demais vozes. Como sons agudos são mais facilmente percebidos que sons mais graves a voz mais aguda e mais facilmente audível é tida como melodia principal. 

Mesmo sem um mais profundo conhecimento musical é fácil perceber em qualquer peça musical sem uma letra cantada em uma língua falada, quando a frase é afirmativa, interrogativa, um  lamento ou uma explosão de alegria.

A HARMONIA

A Harmonia é a parte mais sofisticada da música e embora possa ser resultado de experimentações é a parte mais lógica e que depreende mais teoria e "porquês", o que não ocorre com a melodia que é claramente mais intuitiva e uma cópia da frase concebida para ser falada. Junto com o ritmo e mais do que ele é a parte mais "matemática" da música, embora as escalas que são a base das diversas melodias seja matematicamente exata. Aliás a estrutura da Música como linguagem é totalmente matemática. É patético alguém gostar tanto de música e horrorizar a matemática.

A Harmonia pode ser entendida como a decoração, a roupagem, aquilo que valoriza a melodia e que torna um tema ( uma ideia em música ) algo excepcionalmente belo e cativantemente impactante quando a ouvimos.Muitas peças musicais sem o arranjo criativo, exato e conveniente seriam absolutamente sem graça, um exemplo talvez seria o nosso Hino Nacional Brasileiro, em que a Harmonia e o Arranjo ( falaremos disso mais adiante ) elevam a peça musical a outros patamares musicais.

O RITMO

Não é o último elemento fundamental da música, embora para alguns autores musicistas o seja. O Ritmo é o terceiro elemento fundamental da Música. É o menos "inteligente", o menos criativo embora a troca de instrumentos musicais uns pelos outros, chamados de instrumentos musicais rítmicos, pareça que um ritmo seja realmente muito diferente de outro ritmo, o que na verdade não ocorre, trata-se apenas de um engodo musical e rítmico. Mas a frene ou em outra ocasião esclarecerei convenientemente o que seja exatamente ritmo, compasso, andamento, etc. Por hora o Ritmo é a parte mais "burra" da música assemelhando-se no futebol o atleta que se torna goleiro exatamente por não ter habilidade para jogar na linha. Por favor ritmistas e goleiros não se ofendam , pois é a verdade!

AFINAÇÃO

Listada como o quarto elemento fundamental da música a afinação é o que possibilita a execução dos instrumentos musicais tocando as notas previstas em uma tonalidade e obedecendo a exata sonoridade de cada nota de uma determinada escala musical. Isso vale para os instrumentos musicais e para o canto. Todos os violões do mundo, por mais distantes que estejam povos, músicos, uns dos outros são afinados na mesma altura. Trata-se portanto de uma convenção, um tratado, uma prática objetiva que possibilita que cantores e instrumentistas "falem todos numa mesma língua".

Entretanto a Música assemelha-se a um avião que após ser inventado, construído e pronto para voar não basta ter percorrido esses três caminhos: tem que servir a alguma coisa objetiva e prática, tem que ser útil. Não pode voar simplesmente como prova de que funciona e só para ser visto voando. Muitas vezes na música, cantores, músicos e ouvintes se comportam dessa maneira anacrônica, pouco ou nada razoável e não se dão conta disso. A Música e uma linguagem, portanto não pode e nem é um fim em si mesma. Alguém sempre está dizendo algo e alguém que ouve deveria entender o que foi dito, expressado, ainda que sem palavras de uma língua falada. Mas normalmente não é isso que ocorre. Mesmo no caso de canções ( canções constituem a união de uma melodia com um poema ) seja em inglês ou outra língua, mesmo no nosso velho português as pessoas não se preocupam em compreender o que está sendo dito nas letras das canções, infelizmente.

Outro ponto importante é que não há música ( ou canções ) se não houver compositores, pessoas que criem as peças musicais. Mesmo tendo todos os instrumentos musicais, toda a tecnologia musical, espaços para se fazer e executar música, como casas de shows, estádios, salas de concertos, igrejas etc, alguém tem que criar as peças musicais e ter um motivo para criá-las.

Logo a motivação para compor uma peça musical é ao mesmo tempo uma experiência individual com elementos do coletivo social. Só se diz, só se expressa algo em uma peça musical se o contexto e o que é expresso ou dito seja de conhecimento prévio de quem vá ouvi-la, daí nasce ou surge, ou se desenvolve ou se mantém o chamado gosto musical que termina nos gêneros musicais aceitos e preferidos por grandes grupos de pessoas.

Como exemplo disso temos por exemplo as canções de rock n' roll que surgiram no século XX como as primeiras músicas ( canções ) comerciais feitas na linguagem, expectativa e falando de coisas que os jovens viviam, pensavam e diziam entre si. Antes as canções e músicas tratavam de experiências e memórias de adultos plenamente formados. 

Logo cada gênero musical atende, satisfaz a uma parcela de seres humanos que vivenciam as mesmas coisas e tem semelhantes sentimentos.





O MUNDO JÁ FOI UM LUGAR TOTALMENTE SEM MÚSICA?

A resposta é sim mas certamente por um tempo muito breve. Isso porque os primeiros seres humanos que ninguém sabe quantos foram e que apenas o registro bíblico e mais alguns poucos não judaico-cristãos nos provocam, é que no início foram apenas dois seres humanos, um casal, que muito logicamente ouviu pássaros cantando ( os pássaros não cantam, falam , é apenas a linguagem deles ) e certamente o gosto por ouvi-los e imitá-los acrescidos de frases com palavras humanas deu origem à MÚSICA PRIMITIVA ou NATURAL, a mesma que ocorre hoje e é observada em pequenos grupos de seres humanos ainda isolados em pleno século XXI.

Nessa mesma tese, essa música nasce com MELODIA, frases ditas, cantadas com variação de dinâmica e tonalidade e RITMO, criado com batidas de mãos, de pés no solo, outros movimentos corporais. Logo podemos muito bem supor que a MÚSICA PRIMITIVA nasce sem a HARMONIA que só seria desenvolvida muito mais tardiamente, e no no caso moderno com a referência grega principalmente.

Entretanto e finalmente, nessa nossa atual abordagem, a Música, só pode até o início do século XX ser executada ao vivo. Logo era muito mais trabalhoso ouvir música e graças ao trabalho e à necessidade primordial da sobrevivência, a música, sua execução e audição se reservava a situações especiais como comemorações e rituais religiosos. O que basicamente não mudou mesmo no dias de hoje, sendo o cerne da justificativa ou da oportunização de tocar e de ouvir música.

Por Helvécio  S.Pereira

Graduado em Desenho, Plástica e História da Arte pela UFMG e em Pedagogia pela UEMG






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