Navegue pelas diversas páginas

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

COMO APREENDER O QUE UMA OBRA DE ARTE OU PRODUÇÃO ARTÍSTICA EXPRESSA OU DIZ




D
urante , até agora, vinte e seis anos, tenho dado aulas para milhares de alunos todos os anos ( e isso não é uma hipérbole ) de séries que foram e vão dese a última do primeiro ciclo até as demais, além de séries do Ensino Médio e do EJA, sempre tentando dar informações básicas que levem qualquer um em qualquer tempo a apreender o que seja a Arte, apreender as suas mensagens e acrescentar a sua cosmovisão uma compreensão útil à sua própria vida.


É mais ou menos como saga dos salmões nadando contra a corrente, subindo cachoeiras até chegar às águas em que a sua reprodução possa efetivamente acontecer. Isso porque, particularmente no Brasil, onde as coisas são feitas por imitação, na base do Ctrl+C e Ctrl+C, os conteúdos estão incluídos na grade escolar e pomposamente são elaborados seus programas e livros são impressos e vendidos aos milhões aos governos e distribuídos e postos goelas abaixo das gargantas dos gestores da educação e dos professores, todo esse aparato, que não é barato e nem tão pouco  simples, e nem efetivo, eficaz, serve para nada mudando em nada ou muito pouco a compreensão da Arte na mente das massas. 

Prova disso, entre outras tantas provas reais e passíveis de serem listadas, uma professora de um determinado conteúdo, apresentou um projeto ( já que a pedagogia de projeto embora pouco eficiente no caso brasileiro foi finamente adotada por um modismo e um verniz didático ) em que o ritmo Maracatu deveria ser  a base do trabalho gráfico-mural a ser executada na quadra da escola que estava com a aparência decididamente de abandono, desleixo e sujeira.

O projeto foi executado e em um fim de semana ou mais dias, muros mureta, e onde poderia ser desenhada alguma coisa o foi. Além do discutível trabalho gráfico, exploração de qualidade duvidosa do tema, a minha constatação é que enquanto pintava os murais e executavam o grafismo proposto, uma caixa de som ligada a um notebook, tocava canções pops estadunidenses de uma ou mais cantoras pops mais badaladas.

Logo a pergunta objetiva é: para que serviu tudo isso? em que modificou a apreensão daqueles jovens, moças e rapazes para o tal ritmo "Maracatu" ? se converterem em fãs do maracatu ou só o fizeram por uma condução de sua professora e claro por algum ganho na relação deles com a mesma ou finalmente por ter uma quadra mais limpinha para uso nas aulas de Educação Física? ou pior: alguma pontuação extra no bimestre?

Eu tenho listado e pontuado junto a todos os meus alunos de todas as épocas, séries e níveis que a Arte fala do homem, fala de nós mesmos e que artistas se debruçam, se ocupam em observar a nossa espécie, no seu comportamento, desafios e dilemas traduzindo todos os sentimentos e possibilidades de pensamento. Desse modo fazendo o que pessoas comuns ocupadas com outras tarefas e trabalho legítimas e necessárias a nossa sobrevivência, e portanto sem tempo para o mesma lide objetiva, possam ter um reflexo do que somos, fazemos e ansiamos.

Sob esta perspectiva a Arte nos ajuda entender a vida, que somos e como reagimos a todas as situações da própria vida. Entretanto a Arte não é a verdade absoluta, nem o artista um profeta, um guru, alguém com destino messiânico. A Arte e cada artista pode estar certo ou inteiramente errado. Pode ser sábio ou estúpido. Pode ter abraçado a melhor causa ou a pior causa. A Arte não é inocente, não é independente e sim escrava de seu tempo, das correntes de pensamento, das crenças, das ideologias e pior: a Arte e quase sempre vendida, por sua incapacidade absoluta de sobreviver por si mesma.

Claro que eu choco as pessoas com essa argumentação que em espaço mair pode ser totalmente exemplificada e comprovada. Mas gostem os corporativistas ou não é a realidade histórica, antropológica e sociológica, portanto tão verdade no passado mais distante como no presente!


Mas vamos dar um salto e retornarmos à proposta original dessa postagem ( foi tudo isso apenas uma introdução a meu ver necessária! )


Há três dicas fáceis para apreendermos a mensagem de uma obra ou de uma produção artística:

1) a observância ( quando houver ) do título da obra;

Canções, óperas, desfiles de escolas de samba, pinturas, gravuras, romances, poesias, filmes, etc, normalmente têm um título, a maioria dos casos dados pelos autores das respectivas obras e muitas vezes dadas a posteriori por outras pessoas. O título de uma obra de Arte revela a percepção do autor acerca de um tema, a sua posição diante desse tema, e o seu desejo de influenciar o observador, o leitor, o expectador acerca do que é abordado.

2) a observância ( quando não houver título ) da biografia do autor, do conjunto de sua obra, uma atenção à época em que tenha vivido e os desafios que tenha focado a sua geração e quem posição, lado ele tenha se colocado diante dessas questões. Igualmente  se saiu de seu lugar, e que contatos teve com outras culturas inteiramente diversas da sua própria.

3) no caso de obras minimalistas, com economia de elementos ( como a conhecida bandeira nacional do Japão ) a importância  do titulo, quase sempre proposto pelo autor, na verdade muito menores os caos em que um título não é atribuído, e a junção desse titulo, desse nome da obra com a própria obra. Nesse último caso a obra em si não nos dá elementos seguros para a sua eventual compreensão e nem o titulo isolado nos dá uma necessária segurança: é necessário uma leitura e uma apreensão simultânea de ambos.


Por Helvécio S. Pereira*

* graduado em Desenho e Plástica e História da Arte / pedagogo





































Que tal ver e ouvir ainda que brevemente ainda cada uma dessas peças musicais?




Nenhum comentário:

Postar um comentário

O QUE ACHOU DESSE ASSUNTO?

COMPARTILHE ESSE POST!

AS MAIS VISTAS NO BLOG

AMADORES...quando vídeo e música se fundem

GALERIA DE ARTE

GALERIA DE ARTE
Retrato de mulher Artista Henrique Maciel BH/MG técnica Grafite sobre papel
Powered By Blogger

Estamos cadastrados no BlogBlogs!

Marcadores